Descrição de chapéu LGBTQIA+

Parada LGBTQIA+ de Londres homenageia ativistas da 1ª edição, realizada há 50 anos

Participantes em 1972 relembram evento histórico na luta contra a discriminação

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Lucy Marks
Londres | Reuters

A parada LGBTQIA+ de Londres, na Inglaterra, acontece no sábado (2/7) com homenagens aos manifestantes que, há 50 anos, ousaram na luta contra a discriminação e pela igualdade, realizando a primeira edição do evento. A marcha aconteceu no dia 1º de julho de 1972 e foi organizada pelo grupo ativista Gay Liberation Front (frente de libertação gay, em português).

"Foi emocionante. Foi empoderador. Pensávamos que poderíamos dominar o mundo e mudá-lo. Era sobre a mudança do sistema também", disse John R. Lloyd, 69. Roz Kaveney, 73, uma mulher trans, lembra que um dos objetivos da marcha era passar a mensagem de que ninguém deveria dizer quem eram as pessoas ou o que elas tinham de fazer. "Era sobre autonomia. Era sobre liberdade e sobre alegria."

A ativista Nettie Pollard, 72, em frente à sua casa em Londres, na Inglaterra
A ativista Nettie Pollard, 72, em frente à sua casa em Londres, na Inglaterra - Henry Nicholls/Reuters

Morador de Deal, no sul da Inglaterra, Simon Watney, 73, olhou fotos antigas da marcha e se lembrou das razões para se juntar ao então namorado. "Eu simplesmente não queria ser um criminoso. Achei ultrajante ter de crescer como todos os meus amigos sob a sombra da lei." Watney lembra que os espectadores reagiram de maneiras diferentes. "Algumas pessoas cuspiram, outras gritaram. A maioria das pessoas ficou surpresa, acho, e perplexa. Algumas simplesmente viraram o rosto para o outro lado."

Eric Ollerenshaw, 72, lembrou que os policiais naquele dia não foram rudes, mas pareciam "nitidamente desconfortáveis". Foi uma época em que sair do armário era algo completamente novo, disse Nettie Pollard, 72. "A ideia de que pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros não devem se esconder."

A marcha do Orgulho LGBTQIA+ de Londres cresceu e se tornou o maior evento gratuito do país, com 30 mil participantes inscritos neste ano. Os homenageados serão os portadores da tocha da primeira parada. Também serão destacados desafios que a comunidade ainda enfrenta nacional e globalmente.

Peter Tatchell, que também marchou em 1972, afirma que a parada se tornou supercomercializada e corporativa nos últimos anos e que, hoje, participaria de um evento alternativo. "Agora se tornou basicamente uma grande festa. E festas são boas, mas também precisamos protestar, porque ainda há negócios inacabados. Ainda há batalhas para nossa comunidade lutar e vencer." Tatchell disse que gostaria de ver uma simplificação do processo pelo qual as pessoas trans mudam sua identidade legal.

Simon Watney, 73, ao lado de foto antiga em sua casa em Deal, na Inglaterra
Simon Watney, 73, ao lado de foto antiga em sua casa em Deal, na Inglaterra - Lucy Marks/Reuters

Alguns dos veteranos ativistas ainda refletem sobre a fragilidade dos direitos que conquistaram. "Esse mundo pode ser transformado da noite para o dia e ser levado embora, como estamos vendo tristemente na Rússia. E não há liberdade que não possa ser revertida", disse Watney.

O médico libanês Jawad, 27, que revelou apenas seu primeiro nome, disse que vai marchar pela primeira vez neste ano, porque foi alvo de ódio no Líbano e na Rússia. "Quase fui preso por ser gay por uma milícia no Líbano. Como me sinto inseguro lá e incapaz de viver minha vida livremente como gay, tive de sair."

O libanês Jawad B., 27, no centro de Londres, na Inglaterra
O libanês Jawad B., 27, no centro de Londres, na Inglaterra - Henry Nicholls/Reuters

"Eu não posso ser quem eu sou realmente sem me esconder por toda a minha vida."

Jawad disse ser grato aos manifestantes que abriram o caminho para as gerações futuras. "Para muitas pessoas pode ser apenas uma marcha, mas para mim significa muito mais. Posso andar com segurança em um lugar e falar sobre meus problemas, meus direitos, e abraçar minha sexualidade e orientação."

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