Israel dissolve Parlamento, e Netanyahu pode voltar ao poder nas próximas eleições

País terá a quinta votação em menos de quatro anos após fim de coalizão multipartidária que derrubou ex-premiê

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Jerusalém | Reuters

O Parlamento de Israel votou nesta quinta-feira (30) sua própria dissolução, pondo fim ao breve governo do ultradireitista Naftali Bennett. O primeiro-ministro será substituído à meia-noite (18h, no horário de Brasília) provisoriamente por Yair Lapid, atual ministro das Relações Exteriores, um progressista de centro que liderava com Bennett a coalizão governista que agora se esfarela.

A próxima eleição para o Knesset, a quinta em menos de quatro anos, deve ocorrer em 1º de novembro, num cenário no qual se desenha o possível retorno do ex-premiê Binyamin Netanyahu ao poder. O direitista saiu de cena há um ano, quando uma frente ampla formada por partidos rivais de ideologias opostas foi forjada para tirar o mais longevo líder de Israel do cargo após um recorde de 12 anos.

O primeiro-ministro Naftali Bennett (centro) cumprimenta colegas após dissolução do Parlamento de Israel; à esquerda, de costas, Yair Lapid, que assumirá o governo de forma provisória, abraça deputada
O primeiro-ministro Naftali Bennett (centro) cumprimenta colegas após dissolução do Parlamento de Israel; à esquerda, de costas, Yair Lapid, que assumirá o governo de forma provisória, abraça deputada - Menahem Kahana/AFP

Bennett, ex-militar e magnata do setor de tecnologia, anunciou que não concorrerá à eleição. "Deixo para trás um país próspero, forte e seguro", disse na quarta. "Provamos que pessoas com opiniões muito diferentes podem trabalhar juntas", acrescentou, referindo-se à sua coalizão ideologicamente diversa.

Na semana passada, Bennett decidiu dissolver o Parlamento após disputas internas tornarem a frente ampla insustentável —a aliança reunia siglas de esquerda, direita, centro e a Lista Árabe. O pacto ruiu porque seus membros não chegaram a um acordo para renovar a controversa medida que estende a lei israelense para os colonos que vivem na Cisjordânia, território sob ocupação militar desde 1967.

Quando Bennett, pró-assentamentos, dissolveu a coalizão, a medida foi automaticamente renovada, e o premiê escapou do impasse. A expectativa era a de que sua aliança governista ao menos resistisse até Netanyahu, investigado por corrupção, sumir do cenário político, mas isto não se concretizou.

O possível retorno às urnas de Netanyahu é uma vitória inequívoca, tanto que ele não deixou de comemorá-la em público. Celebrou o fim do "pior governo da história" e deu a entender que voltará. Pesquisas recentes indicaram a liderança da sua sigla, o Likud —o que não quer dizer, porém, que ele já pode contar com o cargo, dado que seu retorno depende de negociações partidárias imprevisíveis.

O que está claro é que Netanyahu é uma das figuras mais resilientes —ainda que muitas vezes detestadas— da política do país. Na Justiça, enfrenta uma série de acusações, que incluem crimes de corrupção, suborno e fraude. Uma das investigações apura se ele teria concedido benefícios no valor de US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões) à empresa de telecomunicações Bezeq, a maior do país, em troca de cobertura favorável de seu governo no site de notícias Walla, de propriedade do ex-presidente da companhia. ​

Em outra frente, ele é acusado de aceitar presentes de bilionários, como charutos e bebidas, no valor de US$ 264 mil (R$ 1,4 milhão) e de oferecer vantagens ao jornal Yedioth Ahronoth, o mais vendido no país, também em troca de uma cobertura positiva. Caso seja condenado, Bibi, como é conhecido, corre o risco de ser preso, o que o impediria de seguir na política para tentar retornar ao comando do país. Mas os julgamentos ainda podem se arrastar por meses —ou anos. Netanyahu nega as acusações.

Esta é a 24º dissolução do Parlamento israelense. Para que um primeiro-ministro seja escolhido, o partido ou a aliança governista deve ter ao menos 61 cadeiras de um total de 120. No caso de Netanyahu, por exemplo, as pesquisas indicam que seu partido receberia cerca de 35 assentos. Para somar 61, ele teria que buscar o apoio de outras forças de direita, mas muitas delas rejeitam seu nome.

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