Descrição de chapéu China

Partido Comunista cria agenda positiva para Xi após lockdowns na China

Leia a edição da newsletter China, terra do meio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Igor Patrick
Pequim

Esta é a edição da newsletter China, terra do meio. Quer recebê-la todas as sextas no seu email? Inscreva-se abaixo.

Após vários dias sem ser visto na mídia, Xi Jinping parece ter desenhado a sua agenda na última semana para afastar rumores de enfraquecimento político. Na quarta (8), a Comissão Militar Central divulgou o lançamento de um livro contendo "as opiniões de Xi Jinping sobre o fortalecimento e a revitalização das Forças Armadas chinesas".

De acordo com a nota divulgada pela agência oficial Xinhua, a obra busca "ajudar todos os militares a compreenderem o pensamento de Xi de maneira abrangente e sistemática, fortalecendo as consciências política, ideológica e de ação" nas Forças Armadas.

Editoras estatais também publicaram nesta semana quatro livros que relatam "a experiência de Xi Jinping em várias partes da China".

As obras descrevem as atividades desempenhadas pelo líder chinês em Hebei, Fujian, Zhejiang e na cidade de Xangai, mostrando, nas palavras da mídia do governo, "o pensamento amplo e de longo prazo, além da preocupação sincera e a abordagem realista, pragmática e corajosa" de Xi.

Na quinta (9), foi a vez dele ser fotografado na província de Sichuan, no sudoeste do país. A imprensa estatal reportou uma "visita de inspeção" na cidade de Meishan. Em um aceno à tradição, ele fez questão de ser registrado nas vilas de Yonfeng e San Su Ci, local de nascimento do famoso escritor da dinastia Song, Su Xun.

O presidente chinês Xi Jinping acena aos moradores da vila de Yonfeng na cidade de Meishan, sudoeste do país - Xinhua/Xie Huanchi

Durante a tarde, Xi visitou agricultores e defendeu o "desenvolvimento de terras agrícolas de alto padrão que promovam a revitalização rural e impulsionem a produção de grãos".

Por que importa: nas últimas semanas, cresceram rumores de uma possível batalha interna por poder entre ele e o premiê chinês, Li Keqiang. Com as estratégias de culto à personalidade que se tornaram tão rotineiras, Xi tenta afastar qualquer lastro de credibilidade das especulações, que cresceram durante reações ao lockdown em Xangai.

Ações de propaganda concentradas em tão poucos dias têm um objetivo claro: mostrar que ele segue firme e forte no cargo, desmentindo rumores de desavenças no Partido Comunista.

O que também importa

O Ministério de Segurança de Estado chinês oferece recompensa de até para quem denunciar R$ 73 mil "atividades que ponham em risco a segurança nacional". O governo tenta encontrar casos de espionagem estrangeira, terrorismo e sabotagem.

O órgão convidou todos os cidadãos a "relatarem ativamente" casos suspeitos. Para obter o prêmio máximo, a denúncia precisa atender a três requisitos: (1) fornecimento de um alvo claro e detalhado, (2) que ainda não seja do conhecimento de agências de segurança nacional e (3) cuja ameaça possa ser validada.

O ministério justificou a decisão dizendo que "agências de inteligência estrangeiras e forças hostis intensificaram significativamente suas atividades de infiltração e roubo de segredos da China", o que justifica a urgência, dada a complexidade e a gravidade do tema.

Durou pouco a alegria de quem esperava ver Pequim completamente reaberta após quase um mês de restrições provocadas pela ômicron. Após dois dias de normalidade, a cidade registrou três novos casos de Covid transmitidos fora das áreas de controle.

Segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) da capital, todas as três infecções estão ligadas a um bar/supermercado no distrito de Chaoyang, o mais nobre da cidade. O novo foco foi descoberto após checagens de rotina, já que agora se tornou obrigatório realizar testes a cada 72 horas para ter acesso a locais fechados e ao transporte público.

Com o surto, bares, cafés, karaokês e instalações esportivas em espaços fechados estão novamente proibidos de funcionar. Restaurantes escaparam das novas restrições até o momento.

Na madrugada desta sexta (10), o Beijing United Family Hospital, principal hospital internacional da cidade, anunciou que cancelaria todas as consultas para os próximos dias devido a uma suspeita de contaminação em suas instalações no dia anterior.

​Fique de olho

O Ministério da Defesa do Camboja anunciou que vai reformar uma base militar naval com o apoio das Forças Armadas chinesas. De acordo com o comunicado, a China vai ajudar na construção e na reforma de "uma série de estruturas, incluindo uma oficina de manutenção, uma rampa de lançamento, uma doca para reparo de embarcações e a infraestrutura elétrica e de esgoto, além da construção de dois novos píeres".

O embaixador chinês no país, Wang Wentian, negou que a China estivesse construindo novas bases no sudeste asiático e disse se "opor firmemente aos movimentos de alguns países para difamar relações normais" entre Pequim e Phnom Penh.

Por que importa: a China pode ter assegurado publicamente que o apoio será mais financeiro e tecnológico que militar, mas o anúncio deixa margem para interpretações. No discurso de celebração da parceria, o embaixador não deixou de criticar países ocidentais que "usam a democracia como desculpa para interferir nos assuntos internos do Camboja".

É um recado indireto para os Estados Unidos, que desde o início do governo Biden têm feito de tudo para limitar a influência chinesa no Sudeste Asiático, visto como bastião de resistência a Pequim na região.

Para ir a fundo

  • Vai até 25 de julho o prazo para que pesquisadores da área de sinologia enviem resumos ao 6º Seminário Pesquisar China Contemporânea, evento da Unicamp marcado para setembro. Informações aqui. (gratuito, em português)
  • Estão abertas até quarta (15) as inscrições para os interessados em pesquisar a China na Universidade Nacional Autônoma do México. Selecionados receberão 20 mil pesos mexicanos (R$ 5.000) por mês para investigar temas relativos às relações sino-latino-americanas. (gratuito, em espanhol)
  • Em parceria com o iFood, o Inova China Hub realizou um evento online para discutir as principais tendências nos chamados super apps chineses, especialmente no setor alimentício. A gravação da conversa está disponível no YouTube. (gratuito, em português)
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.