O presidente do Peru, Pedro Castillo, depôs nesta sexta-feira (17) à Procuradoria do país na investigação do consórcio "Puente Tarata 3", que apura sua participação em um suposto esquema de corrupção em obras públicas envolvendo membros do governo e familiares do líder peruano.
O esquerdista deixou o palácio do governo a pé e caminhou por oito quarteirões, enquanto cumprimentava pedestres, acompanhado de assessores e cerca de 30 policiais, entre agentes à paisana e uniformizados.
"Para esclarecer as denúncias e as especulações contra mim, irei hoje à Procuradoria da Nação em um ato de transparência com a população e colaboração com a Justiça", escreveu ele no Twitter minutos antes de depor. Castillo é investigado por suspeita de tráfico de influência e organização criminosa.
A Procuradoria apura se um ex-ministro de Transportes, seis parlamentares, um ex-secretário-geral da Presidência e dois sobrinhos de Castillo integravam uma suposta rede criminosa, liderada pelo presidente, que atuava na licitação de contratos de obras públicas.
Castillo entrou no prédio da Promotoria sem falar com a imprensa. Do lado de fora, uma dúzia de manifestantes protestava contra o presidente. O depoimento durou mais de uma hora e meia.
O presidente foi convocado pelo promotor Samuel Rojas. Outros quatro investigados próximos a ele estão foragidos após a emissão de uma ordem de prisão preventiva. A polícia oferece recompensas entre US$ 4.000 e US$ 13,3 mil por informações que levem à prisão dos suspeitos.
A legislação peruana impede que um presidente seja julgado enquanto está no poder, mas não que as investigações prossigam. O presidente, cujo mandato vai até 2026, deve voltar a depor na terça (21), após convocação da Comissão de Supervisão e Controladoria do Congresso, dominada pela oposição.
A investigação gerou outra saia justa para a equipe do presidente nesta semana. Na quarta-feira (15), o vídeo de um stripper brasileiro roubou a atenção dos participantes de uma audiência virtual sobre o caso que era transmitida ao vivo. As imagens do brasileiro Ricardo Milos dançando com uma tanga com a bandeira dos EUA foram compartilhadas pela conta de Benji Espinosa, membro da defesa de Castillo.
O juiz Juan Soria chamou a atenção do advogado. "Há alguma interferência vindo do computador do advogado mostrando imagens muito sugestivas", disse ele.
À agência Reuters Espinosa negou ser o responsável por compartilhar o vídeo e alegou ter sido vítima de um crime cibernético. "O vídeo apareceu de forma abrupta, dando a impressão de que veio da minha conta, o que nego", afirmou. A audiência foi suspensa por alguns minutos após a exibição do conteúdo.
O advogado afirmou que apresentou uma queixa judicial alegando que o episódio mostra como o sistema virtual do Judiciário peruano está vulnerável a ataques. A audiência acontecia de forma remota devido à pandemia de Covid-19, e o presidente Castillo não participou da sessão.
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