Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia destrói acessos a Severodonetsk e impõe cerco similar ao de Mariupol

Zelenski volta a reclamar de apoio ofertado pela Alemanha em críticas ao premiê Scholz

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Kiev | Reuters

Em um cenário que ecoa o cerco à cidade portuária de Mariupol, no mês passado, as forças da Rússia reforçaram nesta segunda-feira (13) o controle sobre Severodonetsk, no leste da Ucrânia, ao conseguirem interromper as últimas rotas para a retirada de civis, afirmou uma autoridade ucraniana.

Em meio a bombardeios, o governador de Lugansk, Serhii Gaidai, escreveu no Telegram que todas as pontes próximas à área foram destruídas, impossibilitando a entrada de cargas humanitárias ou a saída de cidadãos. "Agora é impossível dirigir até a cidade, entregar algo lá. A retirada é impossível."

Parentes e amigos participam, na catedral de Kiev, de velório de soldado ucraniano morto em combate em Severedonetsk
Parentes e amigos participam, na catedral de Kiev, de velório de soldado ucraniano morto em combate em Severedonetsk - Marko Djurica - 11.jun.22/Reuters

De acordo com Gaidai, 70% do pequeno município industrial, foco de uma das batalhas mais sangrentas da guerra, está sob controle russo, ainda que os defensores ucranianos restantes não estejam totalmente neutralizados. "Eles têm capacidade para mandar feridos para hospitais, então ainda há acesso", afirmou ao serviço ucraniano da Radio Liberty. "Mas é difícil levar armas ou reservistas."

A Ucrânia faz pedidos cada vez mais urgentes a potências do Ocidente para obter armas pesadas que ajudem a defender Severodonetsk, cidade que Kiev vê como chave para a batalha pela região do Donbass, no leste do país —e, claro, para o curso total da guerra, agora em seu quarto mês.

Após falhar na tentativa de tomar Kiev no início da invasão, Moscou se concentrou em expandir o controle no leste da Ucrânia, na área que compreende Lugansk e Donetsk, ocupada por separatistas apoiados pelo Kremlin desde 2014, além de tentar tomar mais territórios na costa do mar Negro.​

Damien Magrou, da Legião Internacional para a Defesa da Ucrânia, que tem forças em Severodonetsk, disse que a situação ali pode se tornar o mesmo cenário de Mariupol, "com um grande bolsão de defensores ucranianos isolados do resto das tropas" do país. "Essa é uma das razões pelas quais é tão importante que os parceiros ocidentais entreguem artilharia de longo alcance o mais rápido possível."

Mariupol virou ruína, com a prefeitura local estimando 90% de prédios danificados e talvez 20 mil mortos, entre os mais de 400 mil habitantes no pré-guerra. Houve ataques notórios, como a destruição de um teatro e de uma maternidade. A resistência ucraniana foi possível devido à grande rede de túneis e bunkers dentro do complexo siderúrgico Azovstal, desenhado nos tempos da União Soviética para aguentar até um ataque nuclear. Sem água, comida ou reforços, contudo, ela ficou impossível.

Para combater em pé de igualdade no leste, o conselheiro da Presidência ucraniana Mikhailo Podoliak listou as armas pesadas do Ocidente que seriam necessárias, incluindo mil obuseiros, 500 tanques e mil drones. Nos últimos dias, as críticas do Kremlin aos EUA e a outras nações devido ao envio de armas a Kiev se acumularam, com a ameaça de novos ataques em caso de repasse de mísseis de longo alcance.

Em relatório recente, o Ministério da Defesa russo afirmou ter destruído armas e equipamentos enviados por americanos e europeus, como em uma ação com mísseis de alta precisão contra um alvo próximo à estação ferroviária em Udachne, a noroeste de Donetsk. Não houve comentários do lado ucraniano.

O presidente Volodimir Zelenski, por outro lado, vocalizou outra vez a insatisfação com o apoio ofertado pela Alemanha, acusando o premiê Olaf Scholz de estar muito preocupado com as repercussões nos laços de Berlim com Moscou. Os comentários, feitos à emissora pública alemã ZDF, ocorrem em meio a rumores de que o primeiro-ministro alemão faria na quinta-feira sua primeira viagem a Kiev desde o início da guerra.

"Precisamos do premiê Scholz a certeza de que a Alemanha apoia a Ucrânia", disse Zelenski. "Ele e seu governo devem decidir: não pode haver um trade-off entre a Ucrânia e as relações com a Rússia."​

O alemão, que nega as acusações, tem refutado os pedidos para visitar Kiev, dizendo que só iria à capital ucraniana caso tivesse algo concreto para anunciar. Mais cedo nesta segunda, Scholz afirmou a jornalistas que a Alemanha enviou à Ucrânia um dos sistemas de artilharia mais avançados e que a conclusão do processo demorou porque antes era necessário treinar os militares ucranianos para usá-lo.

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