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Rússia volta a bombardear Kiev enquanto G7 se reúne na Alemanha

Líderes anunciam sanções ao ouro russo e fazem piadas sobre visual de 'macho viril' de Putin

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Kiev | AFP e Reuters

Enquanto líderes do G7, o grupo que reúne as principais economias do mundo, iniciavam cúpula anual na Alemanha, a Rússia voltou a bombardear, neste domingo (26), a capital da Ucrânia. Foi o primeiro ataque a Kiev em três semanas.

Pelo menos uma pessoa morreu e seis ficaram feridas durante a ofensiva que atingiu um prédio e uma escola infantil, segundo autoridades ucranianas. Moscou nega ter bombardeado áreas residenciais e afirma ter destruído o que seria uma fábrica de mísseis.

Guerra de versões à parte, a ação soa como um recado aos líderes do G7 —EUA, Canadá, Japão, Alemanha, França, Itália e Reino Unido— que anunciaram logo na abertura do encontro sanções à importação de ouro russo. A Rússia é um grande produtor do precioso metal, e a nova retaliação pode ter impacto na capacidade de arrecadação de fundos do presidente Vladimir Putin.

Prédio residencial parcialmente destruído após ataque atribuído à Rússia em Kiev, na Ucrânia
Prédio residencial parcialmente destruído após ataque atribuído à Rússia em Kiev, na Ucrânia - Serguei Supinski - 26.jun.22/AFP

Sobre o ataque em Kiev, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que foi um "ato de barbárie". O premiê britânico, Boris Johnson, um dos líderes europeus mais críticos às ofensivas da Rússia contra a Ucrânia, fez coro ao americano e afirmou que um eventual recuo dos países ocidentais teria um "preço muito alto".

O tom duro contra Moscou só foi deixado de lado quando líderes do G7 fizeram piadas sobre a imagem de "macho viril" de Putin. Diante dos líderes vestidos de terno na abertura da cúpula, Boris questionou se deveriam tirar seus paletós e outras peças de roupa.

"Temos que mostrar que somos mais durões que Putin", afirmou o britânico, provocando o riso de seus colegas, segundo relatos das agências internacionais de notícias.

"Andar a cavalo sem camisa", emendou o premiê do Canadá, Justin Trudeau, referindo-se ao costume do líder russo de posar descamisado sobre cavalos.

Enquanto isso, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, exigia resposta rápida dos países do G7 contra os novos ataques em Kiev neste domingo. Ele pediu que mais armas pesadas para que a Ucrânia se defenda e que haja sanções ainda mais rigorosas contra Moscou.

Pelo menos quatro explosões foram ouvidas na capital ucraniana, no que foi o primeiro ataque à cidade desde o dia 5 de junho, quando uma instalação de reparo de vagões de trens foi atingida. Em um bairro histórico, bombeiros contaram ter retirado dos escombros de um prédio parcialmente destruído uma menina de sete anos ainda com vida. Os socorristas tentavam resgatar a mãe da criança e procuravam outras vítimas.

Segundo a Força Aérea ucraniana, parte dos mísseis foi lançada a partir de bombardeiros que estavam na região de Astrakhan, no sul da Rússia, a mais de mil quilômetros de distância. Moscou disse que tinha como alvo a fábrica de armas Artiom e que os danos ao prédio residencial teriam sido causados por um míssil de defesa antiaéreo ucraniano. "As forças russas atacaram alvos civis em Kiev = falso", disse, em comunicado, o Ministério da Defesa russo.

A 180 km da capital ucraniana, outra pessoa morreu durante um ataque a Tcherkasi, no centro do país. A ofensiva destruiu uma ponte que conectava áreas ocidentais às batalhas no Donbass. Até agora, a cidade vinha sendo poupada no conflito.

"Os russos estão tentando limitar a transferência de nossas reservas e armas ocidentais para o leste", disse Oleksii Arestovitch, assessor do presidente Volodimir Zelenski. "Isso significa que esses tipos de transferências estão indo bem e causando grandes problemas."

Além de Tcherkasi, foram registrados novos ataques em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia. No sábado (25), a Rússia concluiu a tomada da estratégica cidade de Severodonestk, no Donbass, cujo domínio é um dos objetivos declarados do Kremlin. A informação foi confirmada pelos ucranianos, que anunciaram a retirada de suas tropas da região que era um dos últimos bolsões de resistência na província de Lugansk.

Moscou anunciou ainda avanços em Lisitchansk, separada de Severodonetsk pelo rio Donets e última cidade ainda sob controle ucraniano na província. Analistas estimam que, se tomarem Lisitchansk, as forças russas devem ter caminho facilitado em direção a Sloviansk e Kramatorsk, na região de Donetsk.

Lugansk e Donetsk compõem o Donbass, área que Kiev disputa com grupos separatistas há oito anos e que Moscou reconheceu, dias antes do início da guerra, como repúblicas independentes.

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