Trump é passado, e agora Biden é o presidente, diz Bolsonaro

Presidente falou a jornalistas em Los Angeles antes de encontro bilateral com americano

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Los Angeles

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (9) que sua relação com o ex-presidente Donald Trump é algo que ficou para trás.

Em Los Angeles para a Cúpula das Américas e um encontro bilateral com o democrata Joe Biden —a primeira conversa dos dois desde que o americano chegou ao poder—, o brasileiro foi questionado por jornalistas sobre a relação com o republicano. Bolsonaro sempre se disse fã de Trump, revelou a torcida por sua reeleição em 2020 e já ecoou o discurso fantasioso de que derrota dele se deveu a fraudes.

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro durante desembarque em Los Angeles nesta quinta (9) - Alan Santos/Divulgação Presidência

"Não vim aqui tratar desse assunto. Já é um passado. Vocês sabem que eu tive um excelente relacionamento com o presidente Trump. O presidente agora é Joe Biden, é com ele que eu converso, ele é o presidente e não se discute mais esse assunto", afirmou Bolsonaro, na saída do hotel, rumo ao encontro com o democrata.

"Precisamos aprofundar nosso relacionamento. Sempre tive enorme consideração pelo povo americano, temos valores em comum, como a democracia e a liberdade, e será um bom encontro com o presidente Biden", afirmou.

Bolsonaro disse ainda que não pretendia levar nenhum pedido específico ao democrata e que espera um encontro tranquilo. Questionado sobre a possibilidade de novos recursos internacionais para a Amazônia, afirmou que a questão é se as promessas serão de fato cumpridas. E fez críticas a entidades ambientais.

"Tem que ficar preocupado com o dinheiro usado por ONGs. Tínhamos no Brasil ONGs que pegavam dinheiro do governo e davam para o MST. Cortei isso aí", disse.

Nesta quinta (9), o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse a jornalistas americanos que Biden deve ignorar exigências feitas pelo líder brasileiro e falar sobre ambiente e eleições livres na reunião bilateral.

De acordo com o assessor, a pauta climática será "um tema importante da conversa [...], especialmente em ações tangíveis para proteger a Amazônia". Segundo Sullivan, não haverá temas proibidos.

A mensagem contradiz o acordo feito por emissários do presidente americano, que agiram depois de Bolsonaro se mostrar reticente em participar da Cúpula das Américas por não querer ser pressionado pelo democrata, com o qual não tem afinidade política. Diplomatas brasileiros afirmaram que mantinham a expectativa de que Biden evitasse atritos, com a reunião servindo para avançar pautas de interesse brasileiro, como a retirada de barreiras à importação do aço.

O democrata tem sofrido pressão de ativistas e de políticos de seu partido para cobrar Bolsonaro. O pleito ganhou força após o desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira enquanto produziam uma reportagem na Amazônia.

Nesta quinta, aos jornalistas o presidente afirmou que as chances de encontrar Phillips e Pereira "diminuem a cada dia". Disse ainda que lamenta "pelo pior", embora peça a Deus para que estejam vivos.

Caminhão com protesto contra Jair Bolsonaro passou atrás do presidente brasileiro enquanto ele dava entrevista a jornalistas em Los Angeles - Reprodução

Na conversa com os repórteres, o presidente também fez críticas aos governos de países americanos.

"A Venezuela ninguém discute o que está acontecendo. A Argentina está com problemas econômicos sérios. A notícia agora é que falta óleo diesel lá, seria em função da política mais à esquerda do [presidente Alberto] Fernández. O Chile também começa a enfrentar problemas, e era o país talvez mais arrumado da América do Sul", criticou.

Bolsonaro, que fica em Los Angeles até sexta (10), quando parte para Orlando, onde terá eventos no sábado, disse também que negocia reuniões com outros líderes durante a cúpula, mas não citou quais.

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