Atirador que matou 7 nos EUA se vestiu de mulher para esconder tatuagens após ataque

Homem mexicano e colaboradora de sinagoga estão entre vítimas do tiroteio em desfile do 4 de Julho

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Guarulhos

Robert E. Crimo 3º, 21, acusado de matar sete pessoas e ferir dezenas a tiros durante celebração do dia da independência dos EUA nos arredores de Chicago, vestiu-se como mulher após o ataque para disfarçar as tatuagens que tem no corpo e no rosto, informaram autoridades. A polícia divulgou nesta terça (5) que mais uma vítima não resistiu aos ferimentos, configurando a sétima morte. Há, ainda, 46 feridos.

Crimo é rapper e membro de uma família conhecida na cidade de Highland Park, onde o crime ocorreu, na segunda (4). Ele comprou a arma legalmente, disparou mais de 70 vezes contra a multidão e planejou o ataque por semanas. O suspeito, que atualmente estava desempregado, não teria dado sinais à família de que poderia realizar ações do tipo, disse um tio dele à CNN. "Ele é quieto, sozinho, guarda tudo para si."

Policiais na área de Highland Park onde ocorreu o tiroteio durante desfile de celebração da independência dos EUA - Antonio Perez - 4.jul.22/Xinhua

Depois do ataque, o YouTube e outras plataformas de internet excluíram os conteúdos publicados pelo suspeito, mas jornais americanos que acessaram os vídeos antes de serem deletados os descreveram como repletos de indícios de violência armada. Uma das publicações, uma animação intitulada "Are you awake" (você está acordado?), mostra um homem atirando com um rifle. Em outro, "Toy Soldier" (soldado de brinquedo), um personagem aparece deitado de bruços em uma poça de sangue, cercado de policiais.

Paul A. Crimo, tio do suspeito, disse que o irmão já concorreu à Prefeitura de Highland Park e tem boas relações com autoridades e moradores da cidade. Lá, o atirador é conhecido como "Awake The Rapper".

Não está claro se ele tem afiliações políticas. Bennett Brizes, que se aproximou de Crimo por volta de 2015, disse ao jornal The Washington Post que o amigo era apolítico e que, ao ser questionado sobre episódios políticos, ele respondia apenas "cara, eu não sei". Os dois teriam perdido contato em 2019, mas Brizes descreve Crimo como alguém que estava deprimido e era visto como estranho pelos demais.

Nesta terça, um porta-voz da polícia citou dois episódios anteriores em que o suspeito se envolveu com as forças de segurança locais. Em abril de 2019, ele fez uma ligação de emergência para relatar uma tentativa de suicídio e, em setembro do mesmo ano, respondeu por ameaças que teria feito a familiares.

Devido ao segundo incidente, a polícia apreendeu na casa de Crimo 16 facas, um punhal e uma espada, mas ele não foi preso. "Não houve queixas assinadas por nenhuma das vítimas", disse o porta-voz.

O caso em Highland Park foi o 309º ataque a tiros em massa e o 15º episódio do tipo neste ano a deixar diversos feridos nos EUA, segundo o Gun Violence Archive, projeto que desde 2013 monitora a violência armada no país. O democrata J.B. Pritzker, governador de Illinois, onde está a cidade, pediu em nota que as pessoas orem pelas famílias diretamente afetadas pelo episódio, mas advertiu: "Só as orações não vão acabar com o terror da violência armada no nosso país; devemos e vamos acabar com essa praga".

O estado tem a sexta lei de segurança de armas mais rígida dos Estados Unidos e a nona taxa de posse de armas, de acordo com a ONG Everytown for Gun Safety, que advoga por maior controle no acesso a armamentos de fogo. Há, por exemplo, checagem de antecedentes para a compra de revólveres.​

"Ainda que líder na promulgação de leis de prevenção de violência armada, Illinois continua a experimentar uma taxa inaceitável de violência, perto da média nacional", diz a ONG. A explicação, afirma, estaria no fato de o estado estar cercado por regiões com regras muito mais fracas, como Indiana. "Uma parcela enorme de armas traficadas e recuperadas em Illinois foi comprada fora do estado", diz o site.

Há menos de um mês, Pritzker sancionou uma lei que proíbe a venda e a posse das chamadas "armas fantasmas" —sem número de série e, em geral, vendidas desmontadas, o que ajuda a driblar a burocracia. "Aqueles que criam, vendem e compram essas armas sabem que estão trabalhando para contornar as leis que asseguram que armas de fogo ficarão longe de traficantes e abusadores", disse ele na ocasião.​

A maior parte das vítimas do episódio ainda não foi identificada. Um dos que morreram, Nicolas Toledo, tinha 76 anos e estava em sua cadeira de rodas quando foi baleado ao menos três vezes, disse sua neta Xochil ao jornal The New York Times. A família criou uma ação de financiamento coletivo em uma plataforma online para arrecadar dinheiro para enviar o corpo de volta para o país natal de Nicolas, o México. Mais de US$ 36 mil (R$ 193 mil) haviam sido arrecadados até a manhã desta terça (5).

Outra vítima é Jacki Sundheim, colaboradora de uma sinagoga em Chicago. "O trabalho e a gentileza dela tocaram todos nós, sempre com dedicação incansável", disse a Congregação Israelense de North Shore.

Ao canal WGN9 uma testemunha afirmou que, ao ouvir o som dos disparos e ver as pessoas correndo, chegou a esconder o filho em uma lixeira para que pudesse procurar os demais familiares.

Erramos: o texto foi alterado

Autoridades disseram, inicialmente, que o atirador responsável pelo ataque em ​​Highland Park, nos EUA, tinha 22 anos. A idade correta é 21.

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