China envia alertas privados aos EUA contra viagem de Pelosi a Taiwan

Segundo jornal Financial Times, aviso abre a possibilidade de resposta militar caso visita de democrata se concretizar

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Reuters

A China emitiu alertas privados severos ao governo de Joe Biden sobre uma possível viagem a Taiwan, ilha que Pequim considera uma província rebelde, da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, publicou o jornal nipo-britânico Financial Times (FT) neste sábado (23).

A reportagem cita seis pessoas familiarizadas com o caso, para quem os avisos foram significativamente mais fortes do que ameaças anteriores, nas quais os chineses expressaram insatisfação sobre ações dos EUA em relação a Taiwan. O alerta privado, segundo o FT, sugeriu uma resposta militar. O Conselho de Segurança da Casa Branca e o Departamento de Estado se recusaram a comentar a publicação.

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, durante entrevista coletiva em Washington
A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, durante entrevista coletiva em Washington - Nathan Howard - 21.jul.22/Getty Images/AFP

Pequim vem intensificando suas atividades militares em torno de Taiwan para pressionar o governo eleito da ilha a aceitar a soberania chinesa. Taipé, por sua vez, diz que apenas seus 23 milhões de habitantes podem decidir o futuro do território e que, embora queira a paz, se defenderá de ataques.

No dia 18, o jornal nipo-britânico já havia revelado que Pelosi planeja viajar a Taiwan em agosto. Um dia depois, a chancelaria chinesa reagiu, afirmando que uma visita da democrata prejudicaria seriamente a soberania e a integridade territorial da China e que os EUA sofreriam as consequências de tal ato.

"Se os americanos optarem por isso, a China tomará medidas assertivas para defender sua soberania", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian. "O Congresso faz parte do governo dos EUA e deve aderir à política de uma só China dos EUA. Se Pelosi visitar Taiwan, isso violaria seriamente esse princípio e enviaria um sinal errado às forças separatistas."

Na quarta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que quer falar com o líder chinês, Xi Jinping, até o final do mês, sinalizando ter dúvidas sobre a viagem da presidente da Câmara a Taiwan. "Os militares acham que não é uma boa ideia no momento, mas não sei qual é o status disso", disse Biden.

Caso se concretize, a visita seria a primeira em 25 anos de uma autoridade americana deste nível a Taipé —o republicano Newt Gingrich viajou para lá em 1997, ano em que comandava a Casa hoje liderada pela democrata. Pelosi já havia estudado fazer uma viagem semelhante em abril deste ano, mas teve de cancelar os planos depois de receber o diagnóstico de Covid.

Embora mantenham relações diplomáticas com a China desde 1979, o que implica reconhecer a demanda de soberania sobre Taiwan, os EUA conservam um pacto de proteção militar à ilha. O imbróglio histórico tem origem no fato de que foi para Taiwan que fugiram os derrotados pela Revolução Comunista de 1949.

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