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China faz promessas para 200 milhões de trabalhadores informais

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Igor Patrick
Rio de Janeiro

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Pelo menos 200 milhões de pessoas na China estão empregadas em trabalhos informais, revelou um relatório lido em uma reunião executiva do Conselho de Estado na quarta (13).

Presidindo o encontro, o premiê chinês, Li Keqiang, prometeu adotar medidas para "manter a folha de pagamento estável" e promover incentivos que aumentem a criação de "empregos estáveis".

  • Empresas familiares, indústrias de pequeno porte e startups poderão receber um empréstimo de até 200 mil com juros subsidiados;

  • Governos locais deverão disponibilizar fundos para ajudar a reduzir os custos de startups e incubadoras, como descontos em aluguéis;

  • O Conselho de Estado pretende implementar políticas fiscais que incentivem a contratação de universitários e melhorem as condições dos trabalhadores migrantes, que deixam as suas províncias natais para trabalhar nas grandes cidades;

  • Li anunciou novas regras para salvaguardar os direitos trabalhistas no país, entre elas proibir que empregados que testem positivo para a Covid-19 sejam demitidos.

Enquanto não resolve o problema dos trabalhadores informais, o Conselho de Estado prometeu oferecer a eles alguns benefícios. Eles poderão se inscrever em sistemas de pensão unificado e estarão aptos a se aplicarem para seguro médico nos locais onde trabalham.

"A situação atual do mercado de trabalho melhorou, mas a pressão continua significativa e não deve ser subestimada", disse o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, no simpósio sobre a situação econômica em Pequim - 12.jul.2022 - Xinhua/Rao Aimin

A reunião acabou com a promessa de linhas de crédito que estimulem a compra de eletrodomésticos sustentáveis. O premiê aposta no "consumo não apenas para melhorar as condições de vida das pessoas, mas também como ferramenta de impulsionamento do emprego, investimento e modernização industrial".

Por que importa: o número atualizado de trabalhadores informais no país impressiona e dá a dimensão dos efeitos da pandemia na economia chinesa. Não é exatamente uma surpresa que duas categorias tenham sido mencionadas nominalmente: universitários e migrantes.

  • Em junho, estatísticas liberadas pelo governo mostraram que o nível de desemprego entre jovens chineses recém-formados estava em 18,4%, o triplo da média nacional.

Pressionadas a apresentar altas taxas de empregabilidade, universidades locais começaram a negar a concessão de diploma para quem ainda não tinha conseguido um trabalho após formado.

O que também importa

Após avanços diplomáticos chineses, os EUA anunciaram que pretendem investir pelo menos US$600 milhões nas ilhas do Pacífico Sul e abrir novas embaixadas em Tonga e Kiribati.

O movimento é uma resposta americana aos chineses, que conseguiram um acordo de cooperação em segurança com as Ilhas Salomão e chegaram a oferecer um amplo tratado de livre comércio com dez das dezoito nações insulares na região em 2022.

No Fórum das Ilhas do Pacífico, a vice-presidente americana, Kamala Harris, prometeu "um novo capítulo" nas relações dos EUA com os líderes locais. Ela reconheceu a negligência de Washington com os países insulares e prometeu "aprofundar significativamente" a presença na região.

O esforço parece ter feito efeito: líderes reunidos no fórum se comprometeram a não assinar acordos de cooperação em segurança sem alcançar unanimidade. Foi revés para Pequim que vinha tentando convencer as vozes contrárias apelando à maioria com promessas de investimento.

Centenas de pessoas foram dispersadas pela polícia após um protesto em frente a uma agência do Banco Popular chinês na província de Henan no domingo (10). Manifestantes de várias partes da China cobravam uma resposta do governo no caso de quatro bancos que congelaram saques, afetando milhares de clientes.

A suspensão, até agora não explicada nem pelo banco nem pelo governo, deu início a uma corrida bancária de pessoas que tentavam recuperar suas reservas. O caso tem levado a especulações sobre a saúde financeira de pequenas instituições financeiras no país.

Em vídeos publicados online, policiais aparecem agredindo manifestantes. De acordo com o Financial Times, foram registrados casos de pessoas com ferimentos nos olhos e ossos quebrados pelas forças de segurança.

Fique de olho

Lutando contra o êxodo em massa de migrantes e estrangeiros após mais de dois meses em lockdown restritivo, o governo de Xangai anunciou que vai expandir o programa de concessão de hukou local a jovens recém-graduados de mais de 30 universidades chinesas. Anteriormente, apenas aqueles com mestrado em instituições de elite tinham direito a se candidatar para o documento.

Entenda: criado na década de 1970, o hukou é um certificado de nascimento que garante acesso à proteção social e serviços de saúde e educação apenas no local de registro para a criança e os pais. Apontado como grande gerador de desigualdade, o sistema desincentiva a migração para cidades grandes, onde serviços básicos são mais caros e não contam com subsídio do governo federal para quem vem de outras regiões.

Por que importa: a medida de Shanghai visa atrair jovens talentos, aliviando os custos de realocação na metrópole mais cara da China e reabastecendo o mercado de trabalho local, que sofre para repor milhares de vagas ociosas após o lockdown.

Para ir a fundo

  • O portal Sixth Tone revelou em reportagem nesta semana um extenso esquema de tráfico de chineses no Camboja. O texto mostra como um intrincado sistema de fraude financeira, grupos falsos no WeChat e insegurança financeira levaram várias pessoas a serem escravizadas no país vizinho. (gratuito, em inglês)

  • O SupChina traz a história da startup Adopt a Cow, que pregando o bem estar de vacas, (com direito até a banho relaxante, concerto de música clássica e até spa) está revolucionando o mercado de laticínios na China. (paywall poroso, em inglês)

  • A recente onda de Covid demorou, mas finalmente chegou a Macau, cidade conhecida pela jogatina em dezenas de cassinos. O South China Morning Post especula se este pode ser um indicativo de declínio econômico na cidade. (paywall poroso, em inglês)
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