Descrição de chapéu China

China não comenta vazamento de 1 bi de dados e censura assunto nas redes

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Igor Patrick
Rio de Janeiro

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Um banco de dados com informações pessoais de mais de 1 bilhão de chineses vazou na internet. De acordo com veículos estrangeiros como Vice e The Wall Street Journal, um hacker ainda não identificado tem anunciado a venda das informações em um fórum de crimes cibernéticos pelo preço de 10 bitcoins (R$ 1,14 milhão). Os dados teriam sido extraídos do sistema policial em Xangai e do sistema de armazenamento na nuvem Alibaba Cloud.

O hacker liberou uma "amostra" com 750 mil registros. Os arquivos continham nomes, números de telefone, números de identidade, endereços, locais de nascimento, nível educacional, estado civil e data de aniversários de pelo menos 250 mil pessoas.

A Vice ligou para 12 pessoas listadas na amostra. Todas elas confirmaram as informações.

  • Um homem em Xangai contou à reportagem que a nora provavelmente estava no sistema policial após denunciar a venda de passagens falsas na internet em 2015;

  • Outra mulher relatou ter reportado à polícia um roubo no apartamento dela em 2019;

  • A reportagem conseguiu validar a identidade de outras quatro pessoas por meio de cruzamentos com o sistema AliPay, carteira digital amplamente utilizada na China.

O grupo Alibaba disse que está investigando a origem do vazamento. As autoridades em Xangai se recusaram a comentar a notícia, mas reagiram com censura a posts sobre o assunto na internet.

A presidente internacional da Alibaba Cloud Intelligence, Selina Yuan, fala em uma cerimônia de lançamento da Saudi Cloud Computing Company em Riad, Arábia Saudita - 5 jun de 2022 - Xinhua/Wang Haizhou

No Weibo, espécie de Twitter chinês, as hashtags #vazamentodedados, #violaçãodobancodedadosemXangai e #vazamentodosregistrosde1bilhãodecidadãos foram todas apagadas. No Baidu, equivalente local ao Google, pesquisas sobre o assunto reportam notícias genéricas e antigas sobre casos antigos.

Por que importa: o governo chinês tem feito várias mudanças na legislação nacional para obrigar companhias de tecnologia estrangeiras a manterem dados de usuários chineses em servidores domésticos. Esse foi um dos principais motivos alegados por reguladores para bloquear o aplicativo de corridas compartilhadas Didi no ano passado.

O vazamento teria atingido quase 70% da população da China. O risco é que, além de criminosos online, serviços de inteligência estrangeiros tenham tido acesso aos dados, o que seria um dos maiores riscos à segurança nacional cibernética na história recente do país.

O que também importa

O TikTok assumiu que funcionários na China têm acesso a dados de usuários americanos. O CEO da rede social, Shou Zi Chew, disse, porém, que essas pessoas estariam sujeitas a "uma série de controles de cibersegurança e protocolos de autorização" e seriam condicionadas à supervisão de uma equipe que trabalha nos EUA.

A confissão, feita a congressistas do Partido Republicano, confirma uma reportagem do BuzzFeed que revelou o acesso após conseguir cerca de 80 áudios com discussões internas na ByteDance (empresa-mãe do TikTok) sobre o assunto.

A notícia promete dificultar ainda mais o ambiente regulatório para o aplicativo chinês, mesmo após o presidente Joe Biden cancelar uma ordem executiva da Era Trump que demandava o bloqueio do TikTok caso as operações americanas não fossem vendidas para uma empresa não chinesa.

Agora, senadores republicanos falam em uma investigação bipartidária que avaliaria os riscos do TikTok para a segurança nacional.

Um parlamentar de Hong Kong foi contaminado por Covid dias depois de posar para uma foto ao lado do líder chinês, Xi Jinping.

Xi visitava a cidade para comemorar os 25 anos da devolução de Hong Kong. Foi a primeira viagem dele fora da China continental desde o início da pandemia, em 2020.

Steven Ho é membro do bloco pró-Pequim na cidade e foi um dos 100 oficiais de governo que tiveram contato direto com Xi durante o evento. Ele estava sentado duas fileiras atrás do líder chinês.

Pequim não comentou a notícia, mas uma pessoa que participou do mesmo evento, em entrevista ao jornal Financial Times, minimizou as chances de riscos à saúde dos envolvidos. Segundo a fonte, todos usavam máscaras profissionais, e Xi manteve o distanciamento social durante toda a celebração.

Fique de olho

A Argentina recebeu apoio formal da China para ingressar no Brics, disse nesta quinta (7) o chanceler do país, Santiago Cafiero, após se reunir com o homólogo chinês, Wang Yi, na Indonésia. Cafiero afirmou que a adesão ao grupo "fortaleceria e ampliaria a voz [argentina] em defesa dos interesses do mundo em desenvolvimento".

Por que importa: Como contei na Folha, na semana passada, a embaixada chinesa em Brasília tinha deixado nas entrelinhas o apoio à Argentina após entrevista coletiva realizada com jornalistas brasileiros. O Itamaraty vê com ressalvas uma possível expansão.

Diplomatas temem que o bloco acabe se tornando uma reedição do Movimento dos Não Alinhados da Guerra Fria e também especulam sobre a perda de prestígio do Brasil caso mais países se juntem à iniciativa.

Para ir a fundo

  • Após três anos de pesquisa, os professores Fábio Morosini (UFRGS) e Michelle Ratton lançaram nesta semana o livro "Direito das Relações Econômicas Brasil-China: Evidências Empíricas". Disponível para compra online, a obra também contará com evento de lançamento em SP no dia 18 de agosto. (pago, em português).
  • Também entrou em pré-venda o livro "A China no Capitalismo Contemporâneo", coletânea de artigos escritos por acadêmicos brasileiros e chineses com coordenação de Edemilson Paraná e Esther Majerowicz. A obra fala sobre desenvolvimento econômico chinês, classes sociais na China pós-reformas e a expansão global na disputa tecnológica. (pago, em português.
  • A Observa China realiza neste sábado (9), às 10h, mais um de seus eventos internacionais online, agora com a participação de Chen Dingding, reitor do Institute for 21st Century Silk Road Studies da Universidade de Jinan. Ele vai falar sobre o papel dos think tanks no desenho de políticas domésticas e externas na China. (gratuito, em inglês.
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