Descrição de chapéu Governo Biden

EUA e Israel se unem contra Irã para conter escalada nuclear no Oriente Médio

Joe Biden e Yair Lapid celebram nova aliança I2U2, formada ao lado de Índia e Emirados Árabes para conter China

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Jerusalém | Reuters

Estados Unidos e Israel se comprometeram nesta quinta-feira (14) a trabalhar conjuntamente para impedir que o Irã adquira armas nucleares, com Washington manifestando disposição de "usar todas as capacidades" para garantir esse objetivo.

O assunto era um dos mais esperados da primeira viagem de Joe Biden ao Oriente Médio como presidente e foi detalhado em comunicado conjunto do americano e do premiê israelense, Yair Lapid.

Joe Biden, presidente dos EUA, e Yair Lapid, premiê de Israel, durante reunião bilateral em Jerusalém - Evelyn Hockstein - 14.jul.22/Reuters

"Os EUA vão trabalhar ao lado de outros parceiros para enfrentar a agressão e atividades desestabilizadoras do Irã, incluindo as feitas por meio de organizações terroristas, como Hizbullah, Hamas e Jihad Islâmica", diz o documento. O Hamas, que governa o território palestino da Faixa de Gaza, criticou o documento. O grupo pediu em comunicado a formação de uma aliança para proteger a região.

Em 2015, o Irã assinou um acordo internacional limitando os projetos nucleares com potencial de fabricação de bombas em troca do alívio nas sanções. Em 2018, porém, o então presidente dos EUA, Donald Trump, cumpriu uma promessa de campanha e retirou o país do pacto.

Desde então, foram várias as críticas de que Teerã descumpriu as tratativas. O país voltou a enriquecer urânio acima do permitido e, há dois anos, anunciou que suas reservas excederam em 20 vezes o limite, mas avisou que poderia voltar atrás com a retomada do pacto.

O compromisso de EUA e Israel, no entanto, vem acompanhado de divergências sobre como lidar com a questão. Biden apoia a retomada de negociações para congelar o enriquecimento nuclear iraniano, enquanto o aliado acredita que um novo acordo seria pouco eficiente, ansiando por apoio americano para ações militares contra instalações de Teerã. ​

"A única coisa pior do que o Irã que existe hoje seria um Irã com armas nucleares; se pudermos voltar ao acordo, controlaremos isso", disse Biden na quarta (13), seu primeiro dia no país. Já Lapid disse a repórteres: "A única maneira de parar um Irã nuclear é se o Irã souber que o mundo livre usará a força".

Teerã insiste que seu programa nuclear tem fins civis. O presidente Ebrahim Raisi afirmou que Washington e seus aliados não devem desestabilizar a região. "Qualquer erro será recebido com resposta firme e lamentável", disse.

Ainda no acordo firmado nesta quinta, EUA e Israel afirmam que vão trabalhar para "combater esforços de deslegitimar Israel" em quaisquer fóruns internacionais, citando a ONU e o Tribunal Penal Internacional em Haia —Tel Aviv faz reiteradas críticas a manifestações desses órgãos contrárias à forma como o Estado lida com a questão palestina.

O documento saúda ainda a recém-criada aliança I2U2, que envolve também Índia e Emirados Árabes Unidos. Biden e Lapid se reuniram mais cedo, virtualmente, com líderes dessas duas nações.

Analistas veem o pacto como uma iniciativa complementar ao Quad —bloco de EUA, Japão, Austrália e Índia para conter o avanço da China no Pacífico— para mitigar a influência de Pequim no Oriente Médio, mas também, no caso de Israel, fortalecer a oposição ao Irã e estreitar lações com os Emirados.

A Casa Branca afirmou que a aliança visaria, ainda, a conter os efeitos da Guerra da Ucrânia. Sobre o conflito, aliás, a declaração de Biden e Lapid é sucinta e não menciona a Rússia. O tema é sensível para Israel, que contém laços com Moscou e possui vasta parcela de população descendente de países da União Soviética. O país chegou a trocar farpas com Moscou quando o chanceler Serguei Lavrov sugeriu que Adolf Hitler teria sangue judeu, mas não impôs sanções ao regime de Vladimir Putin.

Nesta sexta, após encontrar-se com Mahmoud Abbas na Cisjordânia, Biden deve voar para Jidá, na Arábia Saudita. Ele afirmou que não vai evitar tratar de direitos humanos no país e enfatizou que seu posicionamento sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi é "absolutamente clara". O americano recebeu críticas pelo possível encontro com o príncipe Mohammed bin Salman, acusado pela inteligência dos EUA de estar por trás do assassinato de Khashoggi.

"Nunca fiquei quieto ao falar sobre direitos humanos. A razão pela qual estou indo para a Arábia Saudita é muito mais ampla: é para promover os interesses dos EUA", disse Biden em Israel.

Com The New York Times e Reuters

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