Ex-conselheiro de segurança dos EUA diz que ajudou a planejar golpes em outros países

Com longa trajetória em governos republicanos, John Bolton atuou na gestão Trump durante crise na Venezuela

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São Paulo

John Bolton, conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos durante parte do governo Donald Trump e embaixador do país na ONU na gestão George W. Bush, admitiu em entrevista nesta terça-feira (12) que já planejou golpes de Estado em outras nações.

Com longa trajetória em Washington, Bolton também atuou nas administrações dos ex-presidentes republicanos Ronald Reagan e George H. W. Bush.

O ex-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton - Jonathan Drake - 17.fev.2020/Reuters

O comentário foi feito ao canal de TV CNN em entrevista sobre a comissão do Congresso que apura o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A investigação acusou nesta terça-feira (12) o ex-presidente Trump de incitar a violência para tentar permanecer no cargo após perder a eleição de 2020.

Ao apresentador Jake Trapper Bolton sugeriu que Trump não seria competente o suficiente para levar a cabo "um golpe de Estado cuidadosamente planejado" e disse: "Como alguém que já ajudou a planejar golpes de Estado, não aqui, mas, você sabe, em outros lugares, [sei que] isso é algo que dá muito trabalho."

O jornalista questionou Bolton a quais golpes ele se referia, e Bolton respondeu: "Eu não vou entrar nas especificidades", disse. Perguntado sobre a Venezuela, afirmou: "Não foi bem-sucedido. Não que nós tivéssemos muito a ver com isso, mas eu vi o trabalho que deu para a oposição tentar tirar do poder um presidente eleito de maneira ilegal e falhar".

Enquanto conselheiro de segurança nacional em 2019, Bolton apoiou publicamente o líder da oposição Venezuelana, Juan Guaidó, que pediu ações militares para tirar do poder o ditador Nicolás Maduro —sem sucesso.

O jornalista, então, rebate, e diz que "parece que há outras coisas que você não está contando [além da Venezuela]", ao que Bolton rapidamente completa: "Com certeza há".

Há uma longa lista de participação dos Estados Unidos em operações de mudança de governo pelo mundo. O presidente Lyndon Johnson (1963-1969) foi informado com antecedência, por exemplo, do golpe militar que instalou a ditadura no Brasil em 1964. Uma das intervenções mais conhecidas da história recente foi a ordem de Richard Nixon (1969-1974) para militares derrubarem o chileno Salvador Allende, dando lugar à ditadura de Augusto Pinochet.

Em outras regiões do planeta, entram ainda na lista a retirada do primeiro-ministro nacionalista do Irã Mohammad Mosaddegh, em 1953, por exemplo. É, no entanto, altamente incomum que autoridades americanas falem abertamente de seus papéis em fomentar distúrbios em outros países.

No fim de novembro de 2018, Bolton fez uma visita à casa de Jair Bolsonaro após a eleição em que o brasileiro saiu vitorioso e o convidou para um encontro com o presidente americano, à época Donald Trump, a quem o brasileiro se aliou firmemente.

Com Reuters

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