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Israel pode ter atirado contra jornalista da Al Jazeera sem intenção de matar, afirmam EUA

Departamento de Estado diz que bala que atingiu Abu Akleh estava muito danificada para permitir conclusão definitiva

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Washington | Reuters

O Departamento de Estado dos EUA afirmou nesta segunda-feira (4) que o tiro que matou a repórter palestino-americana Shireen Abu Akleh provavelmente partiu das forças de Israel, mas que uma conclusão definitiva não seria possível porque a bala que a atingiu estaria muito danificada.

A pasta realizou uma investigação independente sobre o caso e, em nota, disse que não teriam sido encontrados motivos para acreditar que o disparo foi intencional, "mas resultado de circunstâncias trágicas durante uma operação militar liderada por Israel contra a [facção] Jihad Islâmica".

Pessoas homenageiam Shireen Abu Akleh, na Cisjordânia - Mussa Qawasma - 16.mai.22/Reuters

Abu Akleh era repórter do canal de notícias Al Jazeera e, em maio, acompanhava uma operação na cidade de Jenin, na Cisjordânia, quando foi morta, mesmo identificada como profissional de imprensa. A operação ocorreu em meio a episódios de violência entre israelenses e palestinos.

O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, afirmou, após as declarações americanas, que a investigação continua e que as forças de seu país apenas responderam a ataques dos palestinos. "Os terroristas palestinos devem ser responsabilizados pela morte [de Abu Akleh]", disse ele a repórteres.

Um alto funcionário da Organização para a Libertação da Palestina acusou os EUA de tentarem proteger Israel. "A verdade está clara, mas o governo dos EUA se nega a anunciá-la", disse Wasel Abu Youssef.

A Autoridade Nacional Palestina também criticou o Departamento de Estado. Em nota, autoridades disseram ter ficado surpresas: "Os dados técnicos em nossa posse indicam que a condição do projétil é viável para identificar a arma de fogo que atirou", disse, em nota, segundo o jornal The Israel Times.

Há pouco mais de uma semana, o Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU afirmou, também após investigações independentes, que o tiro que matou a jornalista foi disparado por forças de Israel e que era "perturbador" que autoridades do país não tenham conduzido uma apuração criminal do episódio.

A declaração da ONU vai ao encontro da investigação divulgada pelo jornal americano The New York Times, segundo a qual a bala que matou a jornalista partiu de um local próximo a um comboio de Israel e foi disparada, provavelmente, por um soldado de uma unidade de elite do país.

Semanas após a morte da repórter, o Exército de Israel, que disse investigar o ocorrido, afirmou que, caso um soldado do país tenha feito o disparo, isso não implicaria, necessariamente, em conduta criminosa.

O país também tem sido crítico a todas as declarações da ONU que questionam a forma como são desenvolvidas as relações com a Autoridade Nacional Palestina. No início deste mês, um relatório encomendado pelo Conselho de Direitos Humanos atribuiu à ocupação contínua de territórios palestinos por Israel a responsabilidade pelo ciclo de violência que atinge a região e que voltou a se intensificar.

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