Descrição de chapéu Governo Biden

Nancy Pelosi inicia viagem à Ásia sem citar Taiwan em meio a tensões entre EUA e China

Pequim fez ameaças ante especulações de que presidente da Câmara dos EUA iria à ilha

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Washington | AFP

A presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, iniciou neste domingo (31) uma viagem por quatro países asiáticos. Seu gabinete confirmou a informação do tour sem fazer menções a Taiwan, depois de uma série de especulações, nas últimas semanas, de que a parlamentar poderia visitar a ilha que a China vê como província rebelde.

Uma delegação de seis deputados liderada pela democrata visitará Singapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão, informou o comunicado oficial, sem negar a possibilidade de que outras escalas sejam feitas.

A presidente do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi , em Washington - Jonathan Ernst - 29.jul.22/Reuters

"A viagem [para a Ásia] se concentrará nos assuntos de segurança mútua, parceria econômica e governança democrática na região do Indo-Pacífico", disse o comunicado do gabinete da presidente da Câmara.

No texto, a congressista declara que a a delegação realizará reuniões de alto nível "para discutir como podemos continuar avançando em nossos interesses e valores compartilhados, incluindo paz e segurança, crescimento econômico e comércio, a pandemia de Covid-19, crise climática, direitos humanos e governança democrática".

Caso se confirme uma parada em Taiwan, Pelosi seria a mais alta autoridade de Washington a pisar na ilha desde o republicano Newt Gingrich, que ocupava o mesmo cargo, em 1997. Ela é a segunda na linha de sucessão dos EUA.

Os americanos não têm laços diplomáticos oficiais com a ilha, mas apoiam militarmente o território desde 1979. O regime chinês se opõe a qualquer iniciativa que dê legitimidade internacional a autoridades de Taipé, o que seria visto como sinal de apoio ao campo pró-independência.

Neste domingo, o porta-voz da Força Aérea de Pequim reafirmou que a defesa do território chinês é a "missão sagrada" do Exército. "A Força Aérea tem firme determinação, total confiança e capacidade suficiente para defender a soberania nacional e a integridade territorial", declarou ao jornal do Partido Comunista Chinês.

A declaração se somou a outras feitas nos últimos dias por diferentes autoridades do regime, incluindo o líder Xi Jinping. Na quinta-feira (28), Xi conversou por telefone com o presidente Joe Biden e afirmou que os EUA não deveriam "brincar com fogo" quando se trata de Taiwan —repetindo as palavras usadas numa cúpula virtual em novembro.

O Ministério das Relações Exteriores da China vinha afirmando que a possível viagem de Pelosi equivaleria a uma violação de soberania.

Segundo a Casa Branca, Biden afirmou que mantém sua política para Taiwan. Ou seja, o respeito formal à ideia de "uma só China" que norteia as relações entre os países, mas também o apoio a Taipé. Afirmou rejeitar "iniciativas unilaterais" que desestabilizem a região, o que serve tanto para Xi quanto para Pelosi.

O próprio Biden reconheceu na semana passada que a empreitada era "uma má ideia". O líder democrata enfrenta baixa popularidade e eleições de meio de mandato em novembro, quando assentos na Câmara e no Senado serão renovados, e tudo o que não precisa é de uma nova crise para administrar.

Pelosi, não custa lembrar, é figura odiada no Politburo chinês. Após o massacre de estudantes na praça da Paz Celestial, em 1989, ela viu a Casa Branca vetar suas iniciativas para aplicar sanções contra Pequim. Dois anos depois, integrou uma comitiva que buscava falar em favor dos jovens na China e fugiu de uma visita guiada a um museu para desfraldar uma faixa pedindo justiça na praça em frente a câmeras.

Nesta semana, o Exército de Taiwan realizou seus maiores exercícios militares anuais, que incluíram simulações de interceptação de ataques chineses a partir do mar. Ao mesmo tempo, o porta-aviões americano USS Ronald Reagan e sua flotilha partiram de Singapura para o mar do Sul da China.

No sábado, em resposta, a China realizou um exercício militar com munição real no estreito de Taiwan. Novos movimentos do tipo estão previstos na costa de Guangzhou nesta segunda.

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