Descrição de chapéu União Europeia

Onda de calor na Europa faz Itália lançar alertas em dia de pico de temperaturas

Com 16 cidades em risco máximo, país vive temor de aumento nos incêndios florestais

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Roma | AFP

A onda de calor que assola a Europa desde o começo da semana, concentrada em regiões mais ao sul do continente, como a Itália, fez 16 cidades do país emitirem alertas de temperatura máxima nesta sexta (22). A máxima prevista chegava a 40 °C, e o temor envolve o risco ampliado da ocorrência de incêndios.

Em Milão, a expectativa era que as temperaturas alcançassem a casa dos 40 °C ao longo do dia, caindo no final da tarde para próximo de 27 °C, configurando uma noite tropical. Em Bolonha e em Roma, os picos previstos eram de 39°C. Já a comuna de Pavia, no norte, registrou na quinta 39,6 °C, um recorde na região.

Ventilador ligado perto da catedral de Milão, na praça do Duomo
Ventilador ligado perto da catedral de Milão, na praça do Duomo - Massimo Pinca - 21.jul.22/Reuters

Segundo o portal italiano Ilmeteo, especializado em meteorologia, o país está prestes a "sentir a potência máxima do anticiclone Apocalypse 4.800" —uma referência à massa de ar seco presente no continente e que, por se movimentar lentamente ou ficar por vezes estacionada, configura um bloqueio atmosférico.

O fenômeno, que leva esse número por estar 4.800 metros acima do nível do mar, recebe ventos quentes do norte da África e da região do Saara, mantendo as temperaturas elevadas e a umidade do ar baixa, aumentando a probabilidade de incêndios. Na Itália, as chamas atingiram uma vasta região da Toscana, perto de Massarosa, no centro do país, onde 860 hectares foram queimados e mil pessoas tiveram que ser retiradas de casa. A promotoria de Lucca, cidade mais atingida, abriu uma investigação sob a suspeita de que o incêndio tenha origem criminosa. Outros chegaram a áreas próximas a Roma, Milão e Trieste.

Mas a onda de calor generalizada desta semana tem causas que vão além da tecnicalidade circunstancial do anticiclone: cientistas lembram que esses fenômenos têm ocorrido mais vezes, com mais intensidade e cada vez mais cedo em consequência direta da crise climática. "Durante três meses consecutivos —maio, junho e julho—, foi registrada uma anomalia climática, com temperaturas pelo menos dois ou três graus acima da média sazonal", observou o Ilmeteo. De acordo com o portal, a anomalia deve durar até o início de agosto, o que agrava secas e provoca incêndios em toda a península.

Bombeiros e serviços de emergência em vários países estão sob pressão. De acordo com o Copernicus, serviço europeu de vigilância espacial, 27.571 hectares foram devorados pelas chamas na Itália até agora em 2022; na França, 39.904, ante 199.651 na Espanha, 149.324 na Romênia e 48.106 em Portugal.

Só nas últimas semanas, os incêndios florestais afetaram uma área maior do que a registrada em todo o ano de 2021. Nos 27 países da União Europeia, um total de 517.881 hectares foram devastados desde o início do ano, segundo cálculos feitos até 16 de julho pelo Copernicus.

Calor e chamas na Europa

No Reino Unido, um incêndio de grandes proporções atingiu Wennington, a leste de Londres, destruindo imóveis e levando à retirada de moradores da região por segurança. O prefeito da capital, Sadiq Khan, disse que o corpo de bombeiros local passou a terça-feira (19) sob pressão, atendendo mais de 1.600 chamados, quatro vezes mais do que em um dia comum. O país superou na data a marca de 40 °C pela primeira vez na história. Também foi reportada sobrecarga no serviço de ambulâncias londrino.

Na Grécia, moradores de uma região montanhosa próxima a Atenas foram retirados devido ao fogo. Os incêndios também afetaram a França, obrigando o deslocamento de milhares de turistas e moradores.

Na Espanha e em Portugal, mais de mil mortes são investigadas devido à suspeita de estarem associadas, direta ou indiretamente, à onda de calor. Na segunda (18), o secretário-geral da ONU, António Guterres, comparou a crise climática a um "suicídio coletivo" em reunião com autoridades de 40 países em Berlim.

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