Países do G20 pedem fim da Guerra da Ucrânia em meio a birra de chanceleres

Diplomata da Rússia é alvo de boicote e abandona recinto após críticas reiteradas contra Moscou

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os EUA e seus aliados ocidentais fizeram da reunião do G20 em Bali, na Indonésia, nesta sexta-feira (8), uma oportunidade de aumentar a pressão contra a Rússia para que o país encerre a Guerra da Ucrânia.

O encontro, que inicialmente discutiria a recuperação econômica no pós-Covid, foi dominado por debates em torno do conflito, e até mesmo a tradicional foto em grupo dos líderes presentes foi cancelada.

Etapa inicial da cúpula de chefes de Estado e de governo dos países ricos que acontecerá em novembro na ilha indonésia, a reunião é também o primeiro evento público desde o início da guerra em que estão presentes o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov —um encontro cara a cara entre os dois, porém, ainda não aconteceu.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, em encontro do G20 em Bali - Dita Alangkara - 8.jul.22/Pool/AFP

"O que ouvimos hoje é um grande coro de todo o mundo, não apenas dos EUA, sobre a necessidade de acabar com a agressão", afirmou Blinken a jornalistas. Na presença de Lavrov, a chanceler indonésia, Retno Marsudi, fez coro ao colega americano. "É nossa responsabilidade terminar com a guerra o mais rapidamente possível e resolver nossas divergências na mesa de negociações, não no campo de batalha."

O chefe da diplomacia americana se reuniu com ministros da França, da Alemanha e do Reino Unido para falar sobre a guerra. Blinken denunciou a responsabilidade da Rússia na crise alimentar mundial e pediu a Moscou que autorize a saída de grãos da Ucrânia. "Aos nossos colegas russos: a Ucrânia não é o seu país. Os grãos deles não são os grãos de vocês. Por que vocês estão bloqueando os portos?", questionou ele.

O recado aos "colegas russos" não nomeados faz parte do boicote que Blinken impôs aos representantes do Kremlin —o americano se negou a ter uma reunião com Lavrov. A última conversa entre eles foi em janeiro, na Suíça, onde o diplomata advertiu a Rússia das sérias consequências contra Moscou em caso de invasão da Ucrânia —cenário que viria a se concretizar pouco mais de um mês depois do encontro.

Afiado como de praxe, Lavrov disse que a Rússia não tomará a iniciativa de aproximação. "Não fomos nós que abandonamos os contatos, foram os EUA. Não vamos correr atrás de ninguém para propor reuniões."

O chanceler também criticou o fato de as nações ocidentais utilizarem o G20 para criticar a Rússia, deixando de lado, segundo ele, a chance de abordar os grandes problemas do planeta. "Nossos sócios ocidentais estão tentando evitar falar sobre os temas da economia mundial. A partir do momento em que falam, apresentam uma crítica desenfreada à Rússia e nos chamam de agressores e inovadores."

Parte dos países ocidentais, EUA à frente, tem pedido que Moscou seja excluído dos fóruns internacionais.

A Indonésia, porém, ávida por manter uma posição de neutralidade como país anfitrião, confirmou o convite às autoridades de Rússia e Ucrânia. Lavrov, no entanto, abandonou a sala quando Dmitro Kuleba, seu homólogo ucraniano, discursou para os demais ministros.

O chanceler russo repetiu o ato de protesto quando a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, criticou a Rússia devido à invasão da Ucrânia e também não estava presente quando Blinken falou mal da ofensiva russa. Para Annalena, ao sair de cena Lavrov demonstra que "não está interessado na cooperação internacional nem no diálogo com outros sócios".

Com AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.