O diagnóstico de Covid-19 de um parlamentar de Hong Kong dois dias após se encontrar com Xi Jinping despertou preocupações sobre a saúde do líder do regime comunista chinês.
Steven Ho, membro do maior partido pró-Pequim de Hong Kong, recebeu um teste com resultado positivo no sábado (2). Ele sustenta, porém, que o exame realizado na quinta-feira (30), antes de ficar duas fileiras atrás de Xi para uma sessão de fotografias e cumprimentos, todos de máscaras, não detectou o vírus.
A saúde de Xi, o líder mais poderoso da China em uma geração, está entre as questões mais delicadas do país, o que significa que há poucas chances de comentários sobre o incidente por parte de autoridades ou da mídia. "Eu não disse apenas 'Olá, presidente', eu também disse a Xi: 'Obrigado por seu trabalho duro, presidente'", escreveu Ho nas redes sociais. "Ele me cumprimentou com a cabeça. Foi muito amável."
O evento, com a participação de mais de 80 pessoas selecionadas, ocorreu durante a primeira viagem de Xi fora da China continental em mais de dois anos.
O líder chinês fez a visita de dois dias a Hong Kong para marcar o 25º aniversário da transferência do território do Reino Unido para a China e para empossar John Lee como seu novo chefe-executivo.
Xi não passou a noite em Hong Kong devido ao ressurgimento de casos de Covid no território, optando por viajar de volta a Shenzhen e retornar à região administrativa especial no dia seguinte. Hong Kong tem registrado cerca de 2.000 casos por dia.
Convidados como Ho, que estavam agendados para um encontro com Xi, precisaram fazer testes diários de coronavírus e quarentena em hotel antes das sessões. Ho acrescentou que faltou à cerimônia de posse na sexta-feira (1º) depois que recebeu um resultado classificado como "incerto" para Covid.
Mas uma pessoa que participou da mesma sessão que Ho descartou os riscos à saúde dos envolvidos. "Talvez a foto pareça próxima, mas na verdade o espaçamento foi muito grande", disse ele. "E não era permitido tirar a máscara."
Macau, o centro de jogos de azar vizinho a Hong Kong, também enfrenta seu pior surto de coronavírus, com mais de 850 casos relatados nas últimas duas semanas. As duas primeiras mortes locais por Covid foram registradas no domingo. As autoridades não descartaram decretar lockdown na cidade e fizeram uma nova rodada de testes em massa nesta segunda.
Os operadores de cassinos na antiga colônia portuguesa estão queimando suas reservas de caixa, e analistas esperam ter receita "quase zero" durante o período. Embora os cassinos tenham sido autorizados a permanecer abertos, o número de clientes despencou, e os funcionários foram instruídos a ficar em casa.
Desconsiderando essas duas regiões, a China relatou 41 casos sintomáticos de Covid-19 transmitidos localmente na segunda-feira (4) e 339 casos assintomáticos locais, que são classificados à parte. O número total de novos casos mais que dobrou no fim de semana, para quase 400, um aumento de cerca de 50 contaminações em comparação a meados de junho.
A grande maioria dos casos está concentrada em Anhui e Jiangsu, duas províncias vizinhas de Xangai. As autoridades locais restabeleceram os lockdowns em Lingbi, município de mais de 1 milhão de habitantes no nordeste de Anhui, e ordenaram uma sexta rodada de testes obrigatórios para todos os moradores de Si, outro município próximo.
Os casos de Covid na China aumentaram oito vezes nas últimas duas semanas, o que vai contra as tentativas do governo de Xi de aliviar as restrições draconianas às viagens e à atividade econômica sob a controversa política de Covid zero do líder chinês.
Na semana passada, a China reduziu pela metade, para uma semana, o período de quarentena para viajantes internacionais, no primeiro relaxamento nacional significativo das restrições desde que as ondas da variante ômicron atingiram Xangai e Pequim neste ano. Porém, o desafio de erradicar completamente o coronavírus deverá aumentar com a chegada de subvariantes mais transmissíveis. Pesquisadores de saúde alertaram na semana passada para o aumento de casos das variantes BA.4 e BA.5.
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