Presidente do Sri Lanka foge do país após protestos furiosos contra o governo

Antes de renunciar formalmente ao cargo, líder cingalês quer usar imunidade presidencial para buscar asilo no exterior

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Colombo | Reuters e AFP

Autoridades do Sri Lanka disseram que o presidente Gotabaya Rajapaksa fugiu do país nas primeiras horas de quarta-feira (13), ainda tarde de terça (12) no horário de Brasília. Ele deixou Colombo em uma aeronave militar com destino a Maldivas, acompanhado da mulher e um segurança.

A notícia veio horas depois de, segundo o relato feito à agência AFP, o político ter tentado embarcar em um voo para Dubai e ser barrado pelos agentes de imigração. No fim de semana, em atos furiosos, manifestantes invadiram a residência oficial para protestar contra a má gestão da maior crise política e econômica em décadas.

No sábado, Rajapaksa deixou o imóvel e teria se refugiado em uma base próxima ao aeroporto de Colombo. Nesta segunda, barrado na área VIP para carimbar seu passaporte, ele teria perdido quatro voos para os Emirados Árabes Unidos e retornado à instalação militar.

Gotabaya Rajapaksa, presidente do Sri Lanka, acena para apoiadores em Colombo - Ishara S. Kodikara - 17.nov.19/AFP

Segundo o chefe do Parlamento, o líder cingalês prometeu renunciar nesta quarta (13), abrindo caminho para uma transição pacífica diante dos protestos que pediam o fim do governo. Como a renúncia ainda não foi formalizada, ele tenta se beneficiar da imunidade presidencial e usá-la para buscar refúgio no exterior.

O irmão mais novo do presidente, Basil Rajapaksa, que foi ministro das Finanças, foi igualmente impedido de embarcar em um voo na manhã desta terça (12), após protestos de passageiros.

Funcionários do aeroporto barraram sua entrada na aeronave com destino aos EUA, via Dubai. Com a situação tensa, Basil, que tem cidadania americana, recuou. À agência Reuters um dirigente da agência de imigração confirmou que agentes têm deixado de liberar autoridades por causa da pressão a que estão submetidos com a instabilidade no país.

Uma moção foi apresentada à Suprema Corte do Sri Lanka pedindo uma ordem para proibir que membros da família Rajapaksa deixem o país. Além do presidente e de Basil, a moção inclui Mahinda Rajapaksa, o irmão mais velho dos dois, forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro em maio, e também o atual premiê, Ranil ​Wickremesinghe —que já prometeu deixar o posto assim que outro líder for escolhido.

O presidente não é visto em público desde a última sexta-feira (8), quando sua casa foi invadida. O Parlamento agendou a eleição indireta de seu substituto para 20 de julho —o favorito a assumir o cargo é o líder da oposição, Sajith Premadasa, filho de um presidente assassinado.

Os legisladores ainda não decidiram quem assumirá o cargo de premiê. O novo presidente deve cumprir o restante do mandato de Rajapaksa, que termina em 2024, e poderá nomear um novo primeiro-ministro, que teria que ser aprovado pelo Parlamento.

A família Rajapaksa domina a política da ilha de 22 milhões de habitantes há anos, e a maioria dos cingaleses os culpa pela atual miséria —o Sri Lanka vive a pior crise econômica desde que se tornou independente da Inglaterra, em 1948, com o colapso da economia dependente do turismo, duramente atingida pela pandemia.

A população também critica a gestão pela proibição do uso de fertilizantes químicos, medida posteriormente revertida, que prejudicou a produção agrícola. O país mal tem dólares para importar combustível, que vem sendo severamente racionado, e nos últimos dias longas filas se formaram em frente às lojas que vendem gás de cozinha.

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