Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia conquista província de Lugansk após tomar cidade-chave

Zelenski promete retomar província na região do Donbass com 'ajuda de armas ocidentais'

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Kiev e Konstiantinivka | Reuters

Após cercar Lisitchansk, a Rússia afirmou neste domingo (3) ter conquistado a cidade e tomado o controle total da província de Lugansk, que, com Donetsk, forma a região do Donbass, no leste do país.

Inicialmente, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, tentou negar uma das mais importantes vitórias de Moscou na guerra, mas, diante da declaração do próprio exército de seu país, de que havia se retirado daquela área, prometeu reconquistar a província com a "ajuda de armas de longo alcance do Ocidente".

Depois de falharem na tentativa de capturar a capital Kiev, no começo da guerra, no final de fevereiro, os russos mudaram o foco de suas ações para o objetivo declarado de conquistar Lugansk e Donetsk, onde separatistas pró-Rússia travam combates desde 2014, quando o Kremlin anexou a península da Crimeia.

Edifício destruído por ataque russo em Lisitchanks, na região de Kugansk, na Ucrânia
Edifício destruído por ataque russo em Lisitchanks, na região de Kugansk, na Ucrânia - Oleksandr Ratuchniak - 17.jun.22/Reuters

A captura de Lisitchansk, último território em Lugansk onde ainda havia resistência ucraniana, ocorre menos de uma semana depois de Moscou tomar a estratégica Severodonetsk. O foco do Kremlin liderado por Vladimir Putin se volta agora a Donetsk, onde Kiev ainda controla algumas faixas da região.

Logo após o anúncio, autoridades ucranianas definiram as menções à vitória como propaganda de guerra e admitiam apenas uma forte ação de artilharia em áreas residenciais, mas o Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank baseado em Washington, nos EUA, já indicava que o cenário era outro: "As forças ucranianas retiraram-se deliberadamente de Lisitchansk, resultando na captura da cidade pelos russos".

A declaração era baseada em imagens das forças russas caminhando em bairros ao norte e a leste do município, sugerindo que poucos militares da Ucrânia —ou nenhum— permaneciam na área.

Uma mensagem do governador de Lugansk, Serhi Gaidai, postada no aplicativo Telegram antes de a Rússia anunciar a tomada da área, já apontava para a mesma direção. "Os russos estão fortalecendo suas posições na região, a cidade está pegando fogo. Eles atacam com táticas brutais inexplicáveis".

A Rússia diz que a captura de Lugansk atende à demanda dos separatistas que proclamaram a região uma república popular, o que Putin reconheceu na véspera da guerra. Por isso, ao comunicar ao líder russo a conquista da região, o ministro da Defesa Serguei Choigu disse que a província havia sido "libertada"​.

A oeste de Lisitchansk, em Donetsk, ao menos seis pessoas morreram e 20 ficaram feridas depois de a cidade ucraniana de Sloviansk ser atingida por um poderoso bombardeio de vários lançadores. De acordo com Zelenski, além de Sloviansk, Kharkiv e Kramatorsk também foram "brutalmente atingidas".

Por outro lado, também neste domingo (3), Moscou acusou Kiev de ter atacado a cidade russa de Belgorod, cerca de 40 km ao norte da fronteira da Ucrânia, numa ação que, segundo o governo local, deixou três mortos e destruiu casas. O parlamentar russo Andrei Klichas pediu uma resposta severa.

De acordo com o governador da região, Viacheslav Gladkov, cinco residências foram destruídas na cidade, e mais de 30 casas e ao menos 11 edifícios, danificados. "O som foi tão forte que eu pulei, acordei muito assustado e comecei a gritar", disse um morador de Belgorod à agência de notícias Reuters, acrescentando que as explosões ocorreram de madrugada, por volta das 3h, no horário local.

Moscou acusa Kiev de realizar vários ataques em Belgorod e em áreas próximas à fronteira dos países. Os ucranianos não admitem a autoria das ações, mas dizem que tais incidentes representam uma retaliação.

Equipes de resgate em local destruído após explosões em Belgorod, na Rússia
Equipes de resgate em local destruído após explosões em Belgorod, na Rússia - Alexei Stopichev/BelPressa via Reuters

Até a publicação desta reportagem, a Ucrânia não havia feito comentários, e a Reuters não pôde verificar de forma independente as denúncias. Na cidade ucraniana de Melitopol, ocupada pelos soldados de Moscou, as forças ucranianas também teriam atingido uma base militar com mais de 30 ataques neste domingo, segundo o prefeito exilado Ivan Fedorov, em um vídeo publicado no Telegram. Uma autoridade colocada pela Rússia no município disse que várias casas foram danificadas, mas que não houve vítimas.

Do lado russo, o Ministério da Defesa disse ter atingido partes da infraestrutura militar de Kharkiv, cidade no nordeste da Ucrânia onde militares do país vêm construindo barreiras de concreto depois da ocorrência de bombardeios noturnos. Dezenas de civis foram feridos ou mortos na região nas últimas semanas.

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