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Rússia e Ucrânia trocam acusações após ataque a prisioneiros ucranianos

Moscou diz que 40 morreram em região controlada por separatistas na província de Donetsk; Kiev nega bombardeio

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Kiev | Reuters

A Rússia e a Ucrânia trocaram nesta sexta-feira (29) acusações mútuas depois de um ataque relatado por Moscou contra um centro de detenção de prisioneiros de guerra em Olenivka, cidade controlada por separatistas pró-russos na província de Donetsk, na região do Donbass, no leste ucraniano.

O Ministério da Defesa russo afirmou que ataques de Kiev com sistemas Himars, fabricados nos EUA, atingiram o local, matando ao menos 40 prisioneiros e deixando outros 75 feridos durante a madrugada.

Volodimir Zelenski (à dir.), presidente da Ucrânia, caminha ao lado do ministro da Infraestrutura do país, Oleksandr Kubrakov, durante visita a um porto em Odessa, no mar Negro - Divulgação Presidência da Ucrânia - 29.jul.22/Reuters

A pasta alega que a prisão abrigava, entre outros, membros do Batalhão Azov, grupo neonazista incorporado ao Exército da Ucrânia. "Trata-se de uma provocação que visa a assustar os soldados e a dissuadi-los de se render", disse o ministério em nota. Canais estatais russos divulgaram imagens de edifícios incendiados, mas a informação não pôde ser confirmada de maneira independente.

Kiev negou o ataque e culpou os russos pelo bombardeio, dizendo que forças de Moscou atacaram a prisão em uma tentativa de acusar a Ucrânia de cometer crimes de guerra e esconder a tortura e as execuções de prisioneiros de guerra que teria praticado. O chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, usou o episódio para pedir ajuda internacional. "Apelo a todos para que condenem essa brutal violação do direito internacional humanitário e reconheçam a Rússia como um Estado terrorista", escreveu no Twitter.​

O presidente Volodimir Zelenski mais tarde reforçou esse pedido, exortando em especial os Estados Unidos. "Essa decisão é necessária e é necessária agora", disse.

Denis Puchilin, líder separatista pró-Rússia da região, afirmou que não havia combatentes estrangeiros no local e que ao todo 193 pessoas estavam detidas ali. Ainda de acordo com a Defesa russa, ao menos oito funcionários da prisão também teriam se ferido no ataque.

A Ucrânia ainda acusou Moscou de um ataque com mísseis a um ponto de ônibus em Mikolaiv, no sudeste, perto do mar Negro, ofensiva que teria deixado cinco civis mortos e outros sete feridos.

Os episódios mais uma vez ofuscam a iminente retomada de exportações de grãos, acordada após encontro na Turquia com mediação de Ancara e da ONU na última semana. Zelenski visitou nesta sexta o porto de Tchornomorsk, um dos três que serão reabertos.

O presidente afirmou que o país está totalmente preparado para escoar os grãos. "Enviamos todos os sinais para os nossos parceiros, e nossos militares garantem a segurança da situação", afirmou. "Estamos esperando um sinal da Turquia para poder começar."

Em outra frente, o chanceler russo, Serguei Lavrov, em viagem ao Uzbequistão, disse que Moscou vai sugerir em breve uma reunião com os Estados Unidos para discutir uma possível troca de prisioneiros, embora ele tenha afirmado achar a possibilidade improvável. Lavrov falou ao telefone nesta sexta com o secretário de Estado americano, Antony Blinken —que definiu a conversa como "direta e franca".

Washington propôs nesta semana uma troca de prisioneiros para libertar a estrela do basquete americano Brittney Griner e o ex-militar Paul Whelan, ambos detidos na Rússia. Para possibilitar a negociação, se dispôs a entregar o traficante de armas Viktor Bout, conhecido como "Mercador da Morte". Blinken afirmou ter "pressionado o Kremlin", na ligação de 25 minutos com Lavrov, para aceitar o acordo.

Segundo a CNN, uma contraproposta russa envolveria na troca Vadim Krasikov, condenado por assassinatos e hoje sob custódia na Alemanha.

O Reino Unido, que produz relatórios diários sobre os avanços da guerra, afirmou que a Rússia tem ordenado que mercenários do Grupo Wagner, uma milícia militar privada, ocupem posições da linha de frente, no que disse ser um sinal do esvaziamento das tropas russas. "Essa é uma mudança significativa em relação à forma como o grupo foi usado desde 2015, normalmente realizando tarefas distintas da atividade militar regular e em larga escala", disse o Ministério da Defesa britânico.

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