Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Se Ocidente quer derrotar a Rússia no campo de batalha, que tente, diz Putin

Declaração em tom agressivo traz sinal de ameaça; no Brasil, Bolsonaro diz que sanções contra Moscou não funcionaram

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Londres | Reuters

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez uma provocação ao Ocidente nesta quinta-feira (7): "Hoje ouvimos que eles querem nos derrotar no campo de batalha. O que lhes dizer? Que tentem!", afirmou ele, num discurso em tom agressivo para líderes parlamentares transmitido pela televisão.

"Ouvimos muitas vezes que o Ocidente quer lutar contra nós até o último ucraniano. Isso é uma tragédia para o povo ucraniano, mas parece que tudo se encaminha para isso", acrescentou o líder russo.

Moscou acusa o Ocidente de travar uma guerra por procuração contra o país, sangrando sua economia com sanções e aumentando o fornecimento de armas de última geração para a Ucrânia.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião no Kremlin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião no Kremlin - Mikhail Klimentyev/Sputinik/AFP

Putin acrescentou que a Rússia ainda não fez uma ofensiva séria na Ucrânia. Para ele, embora o Kremlin esteja aberto a diálogos de paz, as perspectivas se tornam mais fracas conforme o conflito se arrasta.

Esta foi a primeira referência à diplomacia em semanas vinda de Moscou, após repetidas declarações de que as negociações com Kiev haviam sido interrompidas. A guerra, que começou no final de fevereiro, está no quinto mês sem dar sinais de arrefecimento e trazendo conquistas relevantes para a Rússia. Há menos de uma semana, as forças do Kremlin tomaram a província de Lugansk, no leste da Ucrânia.

Depois de falharem na tentativa de capturar Kiev, no começo da guerra, os russos mudaram o foco de suas ações para o objetivo declarado de conquistar Lugansk e Donetsk, na região do Donbass, onde separatistas pró-Rússia travam combates desde 2014, quando o Kremlin anexou a península da Crimeia.​

Novos bombardeios foram registrados no Donbass nesta quinta. Kramatorsk, capital de Donetsk, foi uma das mais atingidas. Autoridades afirmaram que mísseis danificaram seis edifícios, incluindo um hotel e apartamentos no centro industrial. Ao menos uma pessoa morreu e outras seis ficaram feridas.

Fora do Donbass, a Força Aérea russa voltou a bombardear a ilha da Cobra, no noroeste do mar Negro. Na semana passada, forças de Putin se retiraram do território alegando fazer um "gesto de boa vontade", para mostrar à ONU que o país não estaria obstruindo a abertura de um corredor humanitário. A ilha havia sido capturada por Moscou no início da guerra, e sua importância se dá pela proximidade do porto de Odessa.

Segundo o presidente russo, a invasão da Ucrânia marca o começo de um "mundo multipolar". Ele disse que não se pode parar esse processo e insistiu que a maioria dos países não quer seguir o modelo ocidental de "liberalismo totalitário" ou políticas de "duplo padrão hipócrita".

Mais tarde, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as sanções econômicas impostas pelo Ocidente contra a Rússia em resposta ao conflito ainda não funcionaram. A declaração do líder brasileiro ecoa a retórica adotada por Putin durante o conflito. O chefe do Kremlin disse várias vezes que as sanções criam dificuldades, mas não têm impactos significativos na economia do país.

Bolsonaro também reafirmou que a diplomacia brasileira vem adotando postura de equilíbrio durante a guerra. Segundo ele, essa estratégia foi crucial para que o país não ficasse sem fertilizantes. Cerca de 85% do insumo utilizado no Brasil é importado, e a Rússia é a origem de 23% dessa fatia.

O presidente esteve na Rússia dias antes do início da guerra. Lá, chegou a expressar "solidariedade" a Moscou, o que teve repercussão negativa diante da escalada de tensão que se anunciava.

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