Sessão de fotos do casal Zelenski para revista Vogue desperta críticas

Imagens feitas pela fotógrafa Annie Leibovitz retratam primeira-dama da Ucrânia em meio a cenário de guerra

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Bárbara Wong
Público

A fotógrafa americana Annie Leibovitz esteve em Kiev, neste mês, para fotografar a primeira-dama da Ucrânia. O resultado sairá na edição de outubro da Vogue, da qual Olena Zelenska será capa e tema principal da revista. O anúncio foi feito por Leibovitz no Twitter, e as críticas ao casal não tardaram.

Quando a guerra começou, há cinco meses, Zelenska e os filhos, Oleksandra, 18, e Kirilo, 9, foram levados para um local desconhecido, por razões de segurança. Depois de meses ausente, a primeira-dama ressurgiu para assumir um papel mais ativo no contexto da guerra, quando recebeu Jill Biden em maio, ou para participar de eventos públicos, dando entrevistas para elevar o moral do seu país.

A Vogue americana esteve em Kiev, onde entrevistou Olena e o presidente Volodimir Zelenski, separadamente. Na revista, a primeira-dama conta como se sentia quando diziam que ela e os filhos eram os "alvos nº 2" dos russos, depois do marido, e como deixou de pensar nisso para "não ficar paranoica".

A entrevista foi feita no complexo presidencial, e a primeira-dama disse que os últimos meses foram os piores de sua vida, "assim como da de todos os ucranianos", acrescentando que sua inspiração são os compatriotas: "Estamos ansiosos pela vitória. Sem dúvida prevaleceremos. E é isso que nos faz continuar."

Críticas à sessão fotográfica

A decisão de dar entrevista e fazer uma sessão de fotos em um país em guerra deixou muitos em choque. Há uma foto de Zelenska no aeroporto Antonov, em Hostomel, onde a primeira-dama posa junto a restos de um avião, com o cabelo ao vento e o olhar distante, cercada de soldados; em outra, o casal está abraçado.

Para Ian Bremmer, especialista americano em política externa, a decisão de dar entrevista à revista de moda foi uma "má ideia". O editor do India Today, Kamlesh Singh, também critica a decisão, considerando que essa não é a melhor forma de chamar a atenção para o que está acontecendo na Ucrânia.

Há também quem elogie, como a ativista ucraniana Val Voshchevska, que antes da guerra trabalhava em estratégias de comunicação para as redes sociais. Para a criadora digital, a capa da Vogue é icônica porque Zelenska não faz uma pose simples, mas está vestida de forma simples, sentada como qualquer pessoa, com as costas ligeiramente inclinadas, a olhar de frente, sem medo, transmitindo confiança.

A primeira-dama está sentada nas escadas do Parlamento, no centro de Kiev, e atrás dela é possível ver os sacos de areia que protegem as colunas. "O cenário nos lembra que a guerra não acabou", afirma Voschevska, fazendo um elogio a Zelenska, que "não abandonou o país, ficou para protegê-lo e se tornou um símbolo da resistência".

Papel mais ativo

Na entrevista à Vogue, ao ser questionado sobre o novo papel da primeira-dama como rosto da Ucrânia no exterior, Zelenski destacou a "personalidade forte" da companheira e disse que, apesar de ela ser a pessoa que ele ama, "acima de tudo" é sua amiga. O casal se conhece há 26 anos, desde os tempos do ensino secundário.

Começaram a namorar na universidade e trabalharam juntos antes de o comediante abraçar a política, em 2019. A mulher sempre trabalhou nos bastidores, mas a guerra a obrigou a desempenhar um papel mais ativo, tal como aconteceu há uma semana, em Washington, onde pediu ao Congresso americano o envio de mais armas a Kiev.

Na Ucrânia, Olena Zelenska é o rosto de uma iniciativa que promove a formação de profissionais de saúde mental para ajudar a população a lidar com o estresse da guerra. O programa mira socorristas de primeira linha, professores, farmacêuticos, assistentes sociais e policiais que possam agir como conselheiros.

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