UE adota meta de redução de 15% do uso de gás após Rússia diminuir fornecimento

Países se preparam para chegada do inverno e tentam evitar que medida, por ora voluntária, se torne obrigatória

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Bruxelas | Reuters

A contragosto de alguns países-membros, a União Europeia (UE) aprovou nesta terça-feira (26) a meta voluntária de redução de 15% do uso de gás no período entre agosto deste ano e março de 2023, em um esforço para diminuir a dependência do produto importado da Rússia.

A medida, recomendada na semana passada pelo Executivo do bloco europeu, foi acolhida um dia após o gigante estatal russo Gazprom anunciar uma nova redução no fornecimento do produto por meio do gasoduto Nord Stream 1. Agora, o fluxo está em apenas 20% da capacidade total.

Funcionário perto de compressor de gás na cidade búlgara de Ihtiman - Nikolai Doitchinov - 5.mai.22/AFP

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, descreveu o acordo como a criação de uma base sólida para responder ao que chama de chantagem energética do líder russo, Vladimir Putin. "O anúncio da Gazprom ilustra ainda mais a natureza não confiável da Rússia como fornecedora de energia", disse.

O principal objetivo do bloco seria ajudar a preencher o estoque de armazenamento de gás antes da chegada do inverno no hemisfério Norte, antecipando a possibilidade de tornar os cortes obrigatórios, caso uma emergência no fornecimento seja declarada na região.

Kadri Simson, chefe de Energia da UE, afirmou que a redução projetada pode permitir à região um inverno seguro mesmo que a Rússia zere o fornecimento ainda neste mês. A medida, porém, contaria com exceções. Irlanda, Chipre e Malta estariam isentos de cortes obrigatórios, já que não estão conectadas às redes de gás de outros países da UE. A Hungria foi a única a se opor ao acordo, mas também houve críticas da Espanha.

Madri, porém, poderia solicitar meta menor de redução, uma vez que não depende do gás russo e tem capacidade limitada para exportar o produto a outros países devido à baixa capacidade de infraestrutura.

Robert Habeck, ministro da Economia da Alemanha, país que teve de reabrir usinas de carvão para lidar com a baixa no fornecimento de gás, afirmou que o acordo mostrará a Putin que a Europa permanece unida. "Você não vai nos separar", disse ele, em mensagem direcionada ao presidente russo.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, chamou as ações russas de "guerra do gás" durante discurso na segunda-feira (25). "Tudo isso é feito pela Rússia deliberadamente para tornar o mais difícil possível para os europeus se prepararem para o inverno", afirmou. "A chantagem do gás com a Europa, que só piora a cada mês, é necessária a um Estado terrorista para piorar a vida de todos os europeus."

Zelenski ainda aproveitou a oportunidade para pedir que um oitavo pacote de sanções econômicas contra Moscou seja aplicado pela UE —o último, decretado na última semana, mirava o embargo ao ouro russo.

Moscou alega que a nova redução no fornecimento se deve a problemas de manutenção em algumas turbinas do gasoduto Nord Stream e que as restrições aplicadas pelo Ocidente agravam a situação.

O imbróglio ganhou como personagem uma turbina enviada para manutenção no Canadá, mas que não poderia retornar, segundo o Kremlin, devido a barreiras impostas pelas sanções. Preocupada com o fornecimento, a Alemanha agiu para acelerar o transporte. A estrutura, porém, ainda não chegou à Rússia.

A Gazprom, após dez dias de interrupção no fornecimento à Europa sob a justificativa de manutenção de rotina, havia retomado o fluxo, em níveis reduzidos, na quinta (21), mitigando temores de recessão.

No front da guerra, múltiplos ataques relatados

Autoridades da Ucrânia relataram nesta terça múltiplos ataques nas porções sul e leste do país, que atribuem à Rússia. O Exército afirmou que prédios residenciais foram atingidos na cidade portuária de Odessa, mas ninguém ficou ferido. Em Mikolaiv, a infraestrutura teria sido atingida.

No Donbass, três civis morreram na província de Donetsk, segundo o governo regional, e as cidades de Toretsk, Avdivka, Márinka e Krasnogórivka teriam sido atingidas, assim como Bakhmut e Solivansk.

As Forças Armadas russas, por sua vez, dizem ter destruído oito depósitos ucranianos com mísseis e armas em Mikolaiv e Donetsk. Moscou afirmou que o centro de coordenação conjunta com Ucrânia, Turquia e ONU foi aberto em Istambul para monitorar as exportações de grãos.

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