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Candidato derrotado no Quênia diz que resultado de eleição é uma farsa

Anúncio de vitória do atual vice-presidente gerou protestos; Odinga promete contestação na Justiça

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Nairóbi | AFP e Reuters

Raila Odinga, segundo colocado nas eleições presidenciais do Quênia, rejeitou nesta terça-feira (16) a declaração da vitória do seu rival, o atual vice-presidente William Ruto, e chamou o resultado oficial de farsa.

O veterano político, antigo líder da oposição, disputou o cargo pela quinta vez e tinha o apoio do atual mandatário, Uhuru Kenyatta. "O que vimos ontem [segunda-feira, na divulgação do resultado] foi uma farsa e um flagrante desrespeito à Constituição do Quênia", disse, em entrevista coletiva.

Ele garantiu que usará "todas as opções legais possíveis" para contestar o resultado. Sua coligação tem até a próxima segunda-feira para apresentar uma ação do gênero à Suprema Corte.

Raila Odinga, candidato derrotado à Presidência do Quênia, concede entrevista coletiva e contesta resultado - Thomas Mukoya/Reuters

Na segunda-feira, Ruto foi declarado vencedor do pleito realizado em 9 de agosto, com 50,49% dos votos, pelo presidente da comissão eleitoral, Wafula Chebutaki. A diferença total dele para Odinga teria sido de apenas 233 mil votos, pela contagem oficial, concluída só seis dias depois da eleição.

Integrantes do colegiado, porém, incluindo sua vice-presidente, haviam afirmado antes mesmo da divulgação que havia erro na totalização. Segundo Juliana Cherera, a soma atingiria um total de 100,01%, sendo que esse 0,01 ponto percentual representaria 142 mil votos, que poderiam mudar o resultado da eleição. Mais tarde, no entanto, ela se corrigiu, explicando que a proporção seria equivalente a apenas 1.420 votos.

O anúncio da vitória de Ruto desencadeou uma série de violentos protestos ao longo da madrugada no Quênia, com apoiadores de Odinga entrando em confronto com policiais e ateando fogo a barricadas de pneus, principalmente na cidade de Kisumu e na capital, Nairóbi.

As manifestações geraram temores de que pudessem se repetir os tumultos registrados após as eleições presidenciais de 2007 —quando mais de 1.200 pessoas morreram no país— e de dez anos depois, quando o saldo de protestos foi de mais de cem mortes.

Nesta terça, no entanto, as ruas já estavam tranquilas. Odinga pediu a seus apoiadores que se mantenham pacíficos e que "não deixem ninguém tentar fazer lei com as próprias mãos".

Também nesta terça, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que conversou com Ruto. Segundo o porta-voz das Nações Unidas, ele pretende falar também com o candidato derrotado e espera que o processo eleitoral queniano seja encerrado de acordo com a lei.

Caso haja contestação oficial do resultado na Justiça, a Suprema Corte pode convocar uma nova votação em até 60 dias.

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