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Cientistas de China, Austrália e Singapura anunciaram a descoberta de um novo vírus capaz de infectar humanos.
O patógeno Langya henipavirus (ou LayV, como tem sido chamado pela comunidade médica) foi identificado no leste chinês e pode causar febre, náusea, tosse, falta de apetite e fadiga. De 2018 a 2021, 35 pessoas teriam sido contaminadas nas províncias de Henan e Shandong.
Uma análise genética preliminar parece relacionar o patógeno com dois vírus já conhecidos –o Hendra e o Nipah– que nunca foram identificados no Ocidente, mas são conhecidos pela alta taxa de mortalidade. As informações foram publicadas pelos pesquisadores em uma carta no periódico New England Journal of Medicine.
- A análise genômica também mostrou que o LayV está mais relacionado ao henipavirus Mojiang, isolado pela primeira vez em ratos em uma mina abandonada na província de Yunnan, no sul da China, em 2012;
- Ainda não está claro se o vírus foi transmitido para seres humanos por um animal intermediário;
- O rastreio de hospedeiros indica possível transmissão a partir de musaranhos, um mamífero pequeno que se assemelha a um rato e não existe no Brasil. Cepas viáveis do vírus também foram encontradas em porcentagem menor em cachorros e cabras.
Ainda não há evidências de transmissão entre humanos e todos os infectados parecem ter pegado a doença enquanto trabalhavam no campo.
Por que importa: As manchetes sobre o vírus mundo afora foram bastante alarmistas, mas cientistas asseguram que, ao menos por agora, não há com o que se preocupar.
À revista Nature, por exemplo, o virologista australiano Edward Holmes cobrou vigilância, mas destacou que "novos patógenos são identificados todo ano". De acordo com ele, é nossa atenção maior ao tema, especialmente após a Covid, que faz as notícias do tipo ganharem os jornais com maior frequência.
Ademais, embora os "ancestrais" do LayV sejam especialmente perigosos e sem tratamento disponível, apenas 35 pessoas foram infectadas desde 2018 e não há morte relatada, o que sugere que a transmissibilidade do vírus ainda é baixa e limitada a quem tem contato direto com animais.
o que também importa
Uma cidade da província de Shandong anunciou "um grande concurso" de testagem para a Covid, proibindo que cidadãos fotografassem ou filmassem a "competição".
Linyi, no leste da China, disse que o "jogo" contaria com a participação de todos os funcionários estatais da cidade. Além disso, um bairro seria sorteado aleatoriamente e, então, classificado como área de médio risco para a doença (o que obriga testes em massa). Os registros em foto e vídeo foram banidos para "evitar impactos sociais adversos."
A iniciativa, que não divulgou prêmio, foi bastante criticada tanto online quanto por meios de comunicação estatais.
- O periódico estatal Economic Daily News escreveu que a decisão "transforma a política original de prevenção e controle de epidemias graves em brincadeira de criança", acusando as autoridades municipais de minarem a credibilidade do governo nacional.
A cidade não se manifestou oficialmente sobre o tema, mas menções ao concurso foram retiradas da internet.
Hong Kong anunciou que vai cortar pela metade o tempo de quarentena obrigatória em hotel para quem vem do exterior.
Dos sete dias inicialmente exigidos, viajantes deverão ficar isolados por apenas três. Os quatro restantes serão classificados como "vigilância médica domiciliar", que permitirá movimento limitado. Quem apresentar resultados negativos após testes caseiros diários para a Covid vai poder pegar transportes públicos, trabalhar e entrar em estabelecimentos fechados.
Autoridades locais também vão adotar pela primeira vez o sistema de código de saúde que permite rastrear contatos próximos de casos positivos e identificar pessoas em risco potencial para a doença, semelhante à China continental.
A medida é vista como mais uma tentativa da cidade em recuperar o posto de hub econômico do leste asiático, título sendo perdido para Singapura após a pandemia.
fique de olho
Ainda se valendo da viagem a Taiwan na semana passada, a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse a um programa de TV que Xi Jinping está se comportando como "um valentão assustado". Ela acusou o líder chinês de trabalhar para isolar Taiwan e conjecturou sobre dificuldades domésticas.
"Acho que ele está em uma situação frágil e tem problemas com a sua economia", declarou. Ela defendeu ainda a decisão de ter visitado a disputada ilha ao mencionar que "o presidente da China não dita nossa agenda."
Por que importa: Ambos os lados desta disputa continuarão a capitalizar a visita de Nancy Pelosi.
- Do lado americano, a democrata quer reforçar a imagem de opositora da China e certamente espera colher os frutos da cobertura midiática nas eleições de meio de mandato no segundo semestre;
- Para Pequim, Pelosi funciona bem como a personificação de uma política vendida domesticamente como "anti-China" e ajuda a agitar as massas nacionalistas no país;
- Em Taipé, pode-se esperar exercícios militares e clamores por envios de equipamento bélico ocidental sob o pretexto de defender-se dos chineses.
Ainda ouviremos sobre a rápida passagem da presidente da Câmara por Taiwan durante alguns meses.
para ir a fundo
- O congresso que deve conceder a Xi Jinping um terceiro mandato está previsto para acontecer em novembro. Para quem quiser se adiantar e entender como funciona o evento, o South China Morning Post preparou um excelente guia sobre o tema. (paywall poroso, em inglês)
- O WW, programa da CNN Brasil, contou com uma roda de especialistas para analisar os riscos associados a uma possível disputa por Taiwan. Vale a pena conferir a conversa disponível aqui. (gratuito, em português)
- O Chinese Bridge Club e o Ibrachina oferecem várias atividades entre os dias 13 e 17 agosto para celebrar o Dia da Imigração Chinesa no Brasil. Além de palestras e minicursos de medicina e culinária chinesa, haverá várias atividades presencialmente em São Paulo. Inscrições aqui. (paywall poroso, em inglês)
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