Descrição de chapéu América Latina

Congresso do Peru barra ida de Castillo à posse de Gustavo Petro na Colômbia

Lei exige que presidente tenha autorização para viajar ao exterior; parlamentares citam investigações por corrupção

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Lima | AFP

Em mais um episódio da crise política no Peru, o Congresso do país negou autorização para que o presidente Pedro Castillo participe da cerimônia de posse de Gustavo Petro na Colômbia no próximo domingo (7).

A lei peruana diz que o chefe de Estado precisa de permissão para fazer viagens ao exterior, mas o pedido feito por Castillo, um esquerdista conservador de viés populista, foi barrado pelo parlamento dominado pela oposição por 67 votos a 42 (e 5 abstenções). Esta será a primeira vez em três décadas que um presidente vê frustrada sua expectativa de viajar em missão oficial.

O presidente do Peru, Pedro Castillo, durante entrevista coletiva em frente ao Congresso Nacional em Lima - Ernesto Benavider - 26.jun.22/AFP

O argumento usado pelos legisladores foi que o atual mandatário possui cinco inquéritos correndo contra ele, uma situação sem precedentes no Peru. Entre os possíveis crimes investigados estão supostos esquemas de corrupção em obras públicas e tráfico de influência em um contrato de compra de combustível.

Castillo havia solicitado permissão para deixar o território nacional de 6 a 8 de agosto. "Lamento que, de forma inusitada e arrogante, o Congresso me impeça de participar de um ato protocolar internacional. Esse fato mina os laços democráticos com a irmã República da Colômbia", disse pelo Twitter.

O chanceler peruano, César Landa, também se manifestou pelas redes sociais e pediu que o Congresso reveja a decisão. Segundo o governo, a presença de Castillo na Colômbia fortaleceria os laços históricos de fraternidade e cooperação entre os dois países.

"Nossa imagem internacional é mais uma vez questionada. Apelo aos parlamentares, que em outras ocasiões reverteram decisões, para honrar os compromissos internacionais do Peru", escreveu.

O chanceler do México, Marcelo Ebrard, lamentou que o presidente peruano não possa participar da cerimônia de posse de Petro, na qual segundo ele também serão discutidos temas relevantes no atual contexto global.

"Lamento que o presidente Pedro Castillo não tenha sido autorizado a participar da tomada de posse na Colômbia, onde serão realizadas reuniões de alto nível para lidar com a inflação/recessão, a crise alimentar e os novos riscos à saúde. Sentiremos falta do Peru."

Outro chefe de Estado ausente ao evento no domingo será o brasileiro Jair Bolsonaro (PL). Seu vice, o general Hamilton Mourão (Republicanos), também declinou da tarefa para se dedicar à pré-campanha ao Senado, fazendo com que o governo brasileiro seja representado na solenidade pelo chanceler Carlos França.

A vitória de Petro foi alvo de crítica do presidente Jair Bolsonaro em junho deste ano, após o resultado das eleições. O chefe do Executivo brasileiro citou um pedido do colombiano para que jovens presos em protestos no país vizinho fossem soltos. Na semana passada, a vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez, visitou o Brasil e se encontrou com Lula. À Folha disse torcer pela vitória do petista.

No Peru, o imbróglio com o Parlamento adiciona mais um capítulo à crise política do país. A gestão de Castillo tem sido marcada pela instabilidade e pela série de investigações por corrupção.

Na última quarta-feira (3), o premiê Aníbal Torres apresentou sua renúncia, obrigando o presidente a nomear o quinto gabinete em pouco mais de um ano de poder.

Desde que chegou ao cargo, o líder peruano mudou de partido após ser acusado pelos ex-correligionários de não ter colocado em prática o programa da legenda nem ter cumprido as promessas eleitorais. A sigla, inclusive, chegou a declarar oposição ao governo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.