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Cristina Kirchner é acusada de liderar matriz de corrupção na Argentina

Fase final do julgamento que apura irregularidades no período em que ela foi presidente começou nesta semana

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São Paulo

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi acusada por promotores nesta segunda-feira (1º) de criar e liderar uma "extraordinária matriz de corrupção" ao lado de seu marido, Néstor Kirchner (1950-2010), durante o período em que comandaram o país.

Em um processo que apura irregularidades na concessão de obras públicas, o Ministério Público Fiscal argentino disse ter comprovado a existência de uma associação ilícita, entre 2003 e 2015, que tinha no topo de seu funcionamento os chefes de Estado.

De acordo com o promotor Diego Luciani, os supostos ilícitos começaram no governo de Néstor Kirchner —que presidiu a Argentina entre 2003 e 2007— e continuaram no mandato de Cristina (2007-2015).

Vice-presidente argentina Cristina Kirchner no primeiro julgamento contra ela por supostos crimes de corrupção, em Buenos Aires - Juan Mabromata - 21.mai.19/AFP

O julgamento, que começou em maio de 2019 e foi suspenso em 2020 por causa da pandemia, abriu a fase de alegações nesta segunda. A atual vice-presidente participou por videoconferência.

O Ministério Público deve expor as alegações em nove audiências programadas para as próximas três semanas. Em seguida, será a vez de a defesa se pronunciar. Caso seja condenada, Cristina pode perder seus direitos políticos.

O processo, que contempla outros 12 envolvidos, procura determinar se houve um direcionamento na concessão de obras públicas na província de Santa Cruz, no sul da Argentina, reduto político da família de políticos.

Segundo o jornal argentino La Nación, os promotores expuseram suas alegações durante oito horas, buscando comprovar que os Kirchners transformaram o empresário Lázaro Báez no maior beneficiário de obras públicas da província. A acusação sustenta que o ex-bancário recebia dinheiro de um esquema de superfaturamento e retornava ao casal por meio dos negócios hoteleiros da família.

Segundo o promotor Luciani, Báez atuou como sócio de Kirchner e sua esposa, que seriam os líderes de uma "extraordinária matriz de corrupção". As obras, ele disse, geraram perdas imensuráveis para o Estado e continuam sem conclusão.

Contudo, uma auditoria realizada a pedido da Justiça pela Vialidad Nacional, entidade vinculada ao Ministério de Obras Públicas, afirmou que os trabalhos foram finalizados. A UIF (Unidade de Informação Financeira) também havia considerado irresponsável avançar na acusação, desprezando os argumentos da promotoria sobre a existência dos crimes de administração fraudulenta e associação ilícita.

O atual presidente argentino, Alberto Fernández, que foi chefe de gabinete dos Kirchners, depôs pessoalmente no caso em fevereiro e respaldou sua hoje vice ao afirmar que nunca houve distribuição arbitrária de fundos. Em crise, os dois travam uma disputa por poder dentro da coalizão governista —na qual Cristina tem levado a melhor, como indicou a formação do superministério da Economia, entregue a Sergio Massa na semana passada.

Cristina é ré em cinco processos, embora vários casos por supostos crimes ocorridos em seus dois mandatos presidenciais tenham sido arquivados. Assim como fez em outros processos, ela se defende, segundo o jornal Clarín, dizendo estar sendo vítima de lawfare (perseguição jurídica) iniciado após o governo de Mauricio Macri (2015-2019).

Em outubro do ano passado, foi arquivado o caso no qual Cristina era acusada de acobertar os responsáveis pelo atentado contra a associação judaica Amia, em Buenos Aires, ocorrido em 1994, e que deixou 85 mortos e 300 feridos.

Com AFP

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