Após cinco dias de um enorme incêndio em tanques de petróleo em Matanzas, cidade no oeste de Cuba, bombeiros finalmente conseguiram controlar o fogo no fim da tarde desta terça-feira (9).
O evento, que vem sendo chamado por autoridades cubanas de o pior incêndio da história do país, destruiu cerca de 40% do principal depósito de combustível da ilha, causando interrupções no fornecimento de energia e deixando ao menos um morto e 14 desaparecidos.
Até o meio-dia (horário local, 13h em Brasília), os bombeiros não haviam conseguido acessar a área devido às chamas. O trabalho de contenção estava sendo feito principalmente por aviões, helicópteros e barcos. Só no final do dia foi possível entrar pela primeira vez e pulverizar espuma e água nos locais ainda fumegantes.
As autoridades não disseram quanto de combustível foi consumido no incêndio, que destruiu quatro tanques do depósito, e afirmaram que nenhum óleo havia contaminado a vizinha baía de Matanzas. No entanto, eles pediram que moradores de cidades tão distantes quanto Havana (a 105 quilômetros) usem máscaras e se atentem ao risco de chuva ácida devido à enorme nuvem de fumaça gerada pelo incêndio.
O incêndio de grandes proporções começou na noite de sexta-feira (5), quando um raio atingiu um tanque que integra uma central com oito grandes depósitos de combustível. Essa primeira estrutura continha 26 mil metros cúbicos de petróleo, quase 50% da capacidade máxima; na madrugada de sábado (6), ela desabou, e as chamas se propagaram para um segundo depósito, com 52 mil metros cúbicos de combustível.
Na segunda-feira, o fogo se espalhou e consumiu a área de quatro tanques, apesar dos esforços de bombeiros locais que contaram com apoio de mais cem agentes de reforços enviados pelos governos de México e Venezuela.
Um bombeiro morreu —identificado como Juan Carlos Santana, 60— e outros 14 estão desaparecidos desde sábado. Cinco pessoas permanecem internadas em estado crítico.
O governador provincial, Mario Sabines, disse que as chamas se espalhavam como uma "tocha olímpica" de um tanque para o outro, transformando cada unidade em um "caldeirão".
O porto de Matanzas é o principal da ilha para recebimento de derivados de petróleo —o produto é usado principalmente no fornecimento de energia, saindo dali para abastecer usinas termoelétricas.
O bombeiro Rafael Perez Garriga reforçou à agência Reuters o temor de que o incêndio afete a já frágil situação energética de Cuba. "A situação vai ficar mais difícil."
O incidente se deu em meio a mais uma crise no setor na ilha caribenha envolvendo o desabastecimento de energia elétrica, agravado pelas condições precárias das termoelétricas. Desde maio, autoridades do regime preveem apagões a cada 12 horas, o que tem levado a protestos pontuais em pequenas cidades.
Cuba conta atualmente com capacidade média de distribuição de energia de 2.500 megawatts, insuficiente para suprir a demanda em horários de pico de consumo, que atinge 2.900 megawatts, segundo dados oficiais.
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