Descrição de chapéu Coronavírus

Diretora de agência de saúde dos EUA admite erros na atuação contra Covid

Chefe do CDC anuncia plano de reestruturação do órgão para responder melhor a novos surtos

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São Paulo

Diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano, Rochelle Walensky condenou publicamente nesta quarta (17) a forma como a agência de saúde lidou com a pandemia de Covid-19 sob o seu comando. Segundo ela, o órgão falhou em responder de forma rápida à crise e sua estrutura precisa ser revista. As informações foram antecipadas pelo jornal The New York Times.

Segundo a publicação, Walensky delineou um plano para reorganizar o CDC em uma reunião com a sua equipe sênior. Os objetivos são priorizar as necessidades de saúde pública e os esforços para conter novos surtos e pôr menos ênfase na publicação de artigos científicos sobre doenças raras.

Rochelle Walensky, diretora do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano, fala durante audição sobre a resposta do governo à Covid no Capitólio, em Washington - Joe Raedley - 16.jun.2022/Getty Images/AFP

As medidas anunciadas surgiram de uma revisão externa que Walensky havia determinado em abril, após meses de reclamações sobre sua atuação na pandemia. Seus críticos diziam que as mensagens públicas sobre uso de máscara e outras medidas de prevenção contra a disseminação do coronavírus eram por vezes tão confusas ou modificadas tão abruptamente que mais pareciam esboços do que orientações de fato.

Um documento da agência caracteriza as orientações sobre a pandemia passadas ao público como "confusas e aflitivas". Os líderes da equipe responsável por enfrentar o coronavírus se revezavam em poucos meses, fazendo com que outras autoridades de saúde do governo ficassem sem saber quem estava no comando. E dados importantes eram às vezes divulgados tarde demais para ajudar na tomada de decisões federais.

"Por 75 anos, o CDC e a saúde pública se prepararam para a Covid-19 e, em nosso grande momento, o desempenho não atendeu às expectativas", afirmou Walensky, ainda segundo o New York Times.

O CDC é há anos criticado por ser acadêmico demais. Muitos de seus especialistas estão acostumados a conduzir pesquisas com focos muito específicos, que passam por diversas etapas de revisão, e não aprenderam a lidar com o tipo de ação urgente necessária diante de crises como a do coronavírus ou, agora, da varíola de macacos.

As mudanças que Walensky anuncia agora buscariam corrigir sobretudo isso, tornando a agência especialista na produção de "dados voltados para a ação" em oposição a de "dados para publicação". Entre as inovações estão a indicação para a diretoria de Mary Wakefield, que trabalhou na gestão da saúde no governo Barack Obama, uma reestruturação burocrática que faz com que dois setores passem a responder diretamente a Walensky e a diminuição do tempo de revisão de estudos considerados urgentes.

O CDC também alterará o sistema que regula as promoções dos funcionários, hoje baseado em produtividade, de modo a beneficiar aqueles cujos estudos têm impacto na saúde pública.

O plano, que também foi apresentado em um vídeo para os mais de 11 mil funcionários da agência, foi descrito pela imprensa como pouco específico, mas foi bem recebido por ao menos parte dos funcionários com tempo de casa da agência, assim como por especialistas externos em saúde pública.

A revisão pedida por Walensky foi conduzida por James Macrae, que já chefiou o departamento de saúde, que controla o CDC. Seu relatório, no entanto, ainda não foi divulgado. Uma autoridade afirmou que ele ainda estava sendo finalizado.

Os Estados Unidos são o país mais atingido pela pandemia, com mais de 92,9 milhões de casos registrados e mais de 1,04 milhão de mortes.

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