Descrição de chapéu União Europeia

Esquerda perde aliado na Itália, e ultradireitista diz que será primeira-ministra

Giorgia Meloni afirma que indicará o próprio nome após partido de centro deixar coalizão adversária

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Madri

A líder do partido ultradireitista Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, declarou que indicará a si mesma como primeira-ministra do país, caso seu partido seja o mais votado da coalizão conservadora nas eleições de 25 de setembro. E, ao que tudo indica, será.

"Ao contrário da imprensa, não ficarei elucubrando quem será o presidente ou o primeiro-ministro. Na coalizão de direita, o partido que receber mais votos dirá quem deve ser indicado como primeiro-ministro. E esse nome será o meu", disse a romana de 45 anos à rádio italiana RTL na​ manhã desta segunda (8).

Líder do partido Irmãos da Itália, Giorgia Meloni participa de sessão no Parlamento - Riccardo De Luca/Anadolu Agency/AFP

Meloni, cujo Irmãos da Itália está em primeiro lugar nas sondagens, entre 22% e 24%, a depender da pesquisa, concorrerá unida com a também ultradireitista Liga (entre 15% e 17%), de Matteo Salvini, e com a conservadora Força, Itália (cerca de 8%), de Silvio Berlusconi.

A coalizão tem um acordo de que o partido mais votado dos três será o responsável por escolher o novo nome do governo.

O mecanismo eleitoral italiano funciona pela lógica de alianças, colocando a direita em situação bastante favorável com seus mais de 45%, segundo pesquisas divulgadas na semana passada e no último fim de semana. Já a aliança de centro-esquerda tem batido cabeça, com uniões e desuniões se sucedendo a cada rodada de negociações.

O crescimento do Irmãos da Itália nos últimos anos é impressionante. Se hoje consegue sensibilizar praticamente um quarto dos eleitores do país, nas últimas eleições, em 2018, foi um dos partidos mais mal votados, com apenas 4,4% das escolhas.

"Sou Giorgia. Uma mulher, uma mãe, uma cristã." Assim se apresenta a presidente do partido, que possui uma plataforma nacionalista, eurocética (descrença acerca da União Europeia) e contra o "lobby LGBTQIA+", a "violência islamista" e a "imigração de massa".

Meloni é pródiga em declarações polêmicas, como quando sugeriu um bloqueio naval na África para impedir que barcos de refugiados chegassem à costa italiana. Em 2012, ela participou da fundação do Irmãos da Itália (Fratelli d’Italia, no original, expressão que está no primeiro verso do hino nacional). Caso se torne primeira-ministra, será a primeira mulher no cargo.

O canto da vitória de Meloni acontece um dia depois de seus adversários sofrerem um grande revés. Neste domingo (7), o centrista Ação (cerca de 5% nas pesquisas, junto com o Mais Europa) anunciou sua desistência de participar da coalizão de centro-esquerda. Essa aliança é liderada pelo Partido Democrático (PD), que, sozinho, alcança entre 22% e 24% dos eleitores.

O líder do Ação, Carlo Calenda, havia dito que sairia da união caso fossem aceitos partidos que não houvessem votado de acordo com propostas do primeiro-ministro demissionário Mario Draghi. Ele se referia ao partido Movimento 5 Estrelas (que hoje tem cerca de 10% dos votos), que iniciou conversas com o PD e foi o maior responsável pela queda de Draghi no mês passado.

Foi a falta de votos do 5 Estrelas a uma das propostas de Draghi que derrubou seu governo, antecipando novas eleições na Itália do ano que vem para daqui a sete semanas. O primeiro-ministro segue em exercício até a escolha do novo nome.

Caso essas conversas com o 5 Estrelas avancem e se mantenham até 25 de setembro, o PD ainda precisará manter o Esquerda Italiana e o Europa Verde (cerca de 4% os dois juntos) ao seu lado e cooptar mais aliados. Todos os cenários, entretanto, parecem pender para os adversários.

Aos grandes partidos somam-se outros nanicos como Artigo 1, de centro-esquerda, Compromisso Cívico e Itália Viva, de centro, e ItalExit, de direita, todos com cerca de 2%.

"As peças não encaixavam", afirmou Calenda em entrevista à Rai neste domingo. "Não estou confortável com isso, não há coragem, seriedade e amor em fazer política, então comuniquei aos líderes do Partido Democrático que não pretendo continuar com essa aliança."

Calenda disse ainda que a decisão foi "a mais dolorosa" de sua vida, ao que o líder do PD, Enrico Letta, retrucou: "Parece-me que o único aliado possível a Calenda é Calenda".​

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