EUA e Indonésia fazem exercício militar conjunto em meio a tensão com a China

Washington e seus aliados asiáticos estão preocupados com a crescente influência chinesa no Pacífico

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Jacarta (Indonésia) | AFP

Milhares de soldados da Indonésia e dos Estados Unidos iniciaram um exercício militar conjunto nesta segunda-feira (1º), com o objetivo de promover o que Washington chama de cooperação regional, num contexto de tensões com a China.

O exercício terá duração de duas semanas e acontece em Sumatra e nas ilhas Riau, província formada por ilhotas espalhadas perto de Singapura e da Malásia.

Os EUA e seus aliados asiáticos estão cada vez mais preocupados com a crescente presença da China no Pacífico. Contudo, o governo americano garantiu que as manobras visam promover "confiança, coesão e compreensão mútua" e que não são dirigidas contra nenhum país —ainda que, neste ano, os exercícios sejam mais importantes do que as edições anteriores.

O chefe do Estado-Maior dos EUA, general Mark Milley, conversa com o chefe militar da Indonésia, general Andika Perkasa, em cerimônia de boas-vindas em Jacarta, no dia 24 de julho de 2022 - Willy Kurniawan/Reuters

Pelo menos 4.000 soldados americanos e indonésios estão no local e serão acompanhados por forças de Austrália, Singapura e Japão —país que está participando pela primeira vez dessas manobras anuais. "Esse é um exercício militar, não uma ameaça a nenhuma das partes", disse o general Stephen Smith, comandante das tropas americanas participantes, na última sexta-feira (29).

O exercício também se dá no momento em que Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos EUA, faz uma viagem à Ásia com possível escala em Taiwan, sob o risco de agravar as já tensas relações entre Washington e Pequim.

A turnê começou nesta segunda-feira (1º). Segundo comunicado oficial, uma delegação de seis deputados liderada pela democrata visitará Singapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão. O ofício não negou a possibilidade de que outras escalas sejam feitas.

Diante das especulações de que a parlamentar poderia visitar a ilha —vista por Pequim como província rebelde— o governo chinês fez ameaças, dizendo que a turnê equivaleria a uma violação de soberania.

Os americanos não têm laços diplomáticos oficiais com Taiwan, mas apoiam militarmente o território desde 1979. A China se opõe a qualquer iniciativa que dê legitimidade internacional a autoridades de Taipé, o que seria visto como sinal de apoio ao campo pró-independência.

Caso se confirme uma parada em Taiwan, Pelosi seria a mais alta autoridade de Washington a pisar na ilha desde o republicano Newt Gingrich, que também era presidente da Câmara dos EUA, em 1997.

Na última semana, o Exército de Taiwan realizou seus maiores exercícios militares anuais, que incluíram simulações de interceptação de ataques chineses a partir do mar. Ao mesmo tempo, o porta-aviões americano USS Ronald Reagan e sua flotilha partiram de Singapura para o mar do Sul da China.

No sábado (30), em resposta, a China realizou um exercício militar com munição real no estreito de Taiwan.

É nesse contexto tenso que as manobras conjuntas de Indonésia e Estados Unidos se iniciam. Os exercícios durarão até 14 de agosto e incluirão atividades para Exército, Marinha e Aeronáutica. Canadá, França, Índia, Malásia, Coreia do Sul, Papua-Nova Guiné, Timor Leste e Grã-Bretanha participam como observadores.

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