Israel e Turquia restabelecem relações diplomáticas após rompimento de 4 anos

Países voltam a ter representação, mas Ancara afirma que não abrirá mão de apoio a palestinos

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Ancara e Jerusalém | Reuters e AFP

Israel e Turquia anunciaram nesta quarta-feira (17) o restabelecimento das relações diplomáticas bilaterais e a realocação de funcionários em suas respectivas embaixadas, quatro anos após a retirada dos corpos diplomáticos de seus territórios.

Em 2018, a morte de 60 palestinos que protestavam em Gaza contra a instalação de uma embaixada dos EUA em Jerusalém revoltou a diplomacia turca e foi o estopim para a expulsão de membros consulares —tanto dos israelenses em Ancara quanto dos turcos em Tel Aviv.

A mudança da representação era uma das promessas do então presidente americano, Donald Trump. Na ocasião, o número de vítimas na repressão dos atos foi o mais alto em território palestino desde 2014. Segundo o Ministério da Saúde local, 2.700 pessoas ficaram feridas.

O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid (esq.) cumprimenta o chanceler da Turquia, Mvlut Cavusoglu (dir.), durante entrevista coletiva em Ancara - Adem Altan - 23.jun.22/AFP

A restauração dos laços diplomáticos foi acordada após conversas entre o premiê israelense, Yair Lapid, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Para Erdogan, o ponto de virada nas relações bilaterais foi a visita do presidente israelense, Isaac Herzog, a seu país, em março.

O ministro das Relações Exteriores Mevlüt Çavusoglu também fez um gesto significativo em maio, quando se tornou o primeiro chanceler turco a viajar a Israel nos últimos 15 anos.

Ele pontuou, no entanto, que Ancara seguirá "defendendo os direitos dos palestinos, de Jerusalém e de Gaza".

Israel tem buscado retomar laços com potências regionais do Oriente Médio desde 2020, em meio às tratativas, mediadas por Trump, para os Acordos de Abraão. Os tratados e outros posteriores resultaram na retomada diplomática de Israel com países como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.

Uma aproximação com a Arábia Saudita também entrou nesse pacote.

Ancara também vem reforçando sua diplomacia, mas a ocupação israelense na Cisjordânia permanece no cerne das indisposições entre turcos e israelenses. Erdogan tem fortes conexões com o islamismo e não deve abrir mão do apoio a Gaza.

O local foi palco das mais recentes tensões entre Israel e palestinos. No começo do mês, ataques mirando terroristas do grupo Jihad Islâmico deixaram, segundo o governo da Faixa de Gaza, ao menos 49 mortos, incluindo civis e crianças. Os radicais responderam lançando cerca de mil foguetes. Dias depois da trégua anunciada, operações na Cisjordânia também resultaram na morte de palestinos.

O Hamas, grupo armado palestino que Tel Aviv considera terrorista, enxerga a reaproximação como uma legitimação da presença israelense na região. O chefe do movimento, Basem Naim, disse à AFP que espera que "todos os países árabes, muçulmanos e amigos isolem o ocupante e o pressionem para que responda aos direitos legítimos dos palestinos".

Com o fornecimento energético se tornando um fator crucial para a cooperação internacional, a expectativa é que Turquia e Israel busquem firmar acordos mais duradouros, mesmo na iminência de mais conflitos entre palestinos e israelenses.

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