O México oficializou que a partir do dia 18 vai voltar a exigir o visto físico para cidadãos brasileiros que queiram entrar no país. A informação foi confirmada pela embaixada em Brasília nesta quarta-feira (3), depois de veículos mexicanos anteciparam o plano do governo.
A decisão representa a segunda mudança nas autorizações de viagem para o país da América do Norte em oito meses. Antes, bastava apresentar o passaporte; em dezembro do ano passado, implantou-se o sistema de visto eletrônico emitido pelo Instituto Nacional de Migração, agora trocado pelo documento físico.
A partir do dia 18, antes de viajar, brasileiros precisarão agendar um horário e ir até a embaixada em Brasília ou aos consulados no Rio de Janeiro e em São Paulo para conseguir a autorização.
Por trás das mudanças está, principalmente, uma pressão exercida pelos Estados Unidos, que vivem uma crise migratória na fronteira sul —pela qual cada vez mais brasileiros tentam entrar de forma irregular. Neste ano, os números de apreensões mensais estão abaixo do pico de 10.471 observadas em setembro de 2021, mas há uma tendência de alta: em maio, por exemplo, foram 5.118, quase o quádruplo do visto dois meses antes (1.346), segundo o CBP (Departamento de Controle de Fronteiras).
Brasileiros são só uma parte de um movimento que deve bater novo recorde. O total de barrados na fronteira do México com os EUA tem ficado acima de 200 mil por mês desde março e, em maio, atingiu 239 mil, maior cifra mensal já registrada —o dobro do que se via em 2021.
Enquanto muitos países da América Latina sofrem com a crise econômica, os EUA, ainda que também em dificuldades, têm vagas de trabalho sobrando.
A mudança nos vistos para brasileiros também tem a ver, porém, com a série de problemas que o sistema eletrônico vem enfrentando desde maio. A Folha colheu relatos de turistas que perderam viagens, protestaram na porta dos consulados e na internet e organizaram mutirões para ajudar desconhecidos.
O procedimento do visto físico, válido a partir do dia 18, envolverá o agendamento de horário pelo site da embaixada mexicana. Para obter o documento, deve-se apresentar um formulário preenchido e cópias do documento de identidade e do passaporte, além de pagar uma taxa de US$ 48 (R$ 253,62, no câmbio atual). Ele tem validade de 180 dias.
Há exceções, contudo. Não precisarão emitir o documento pessoas que tiverem visto válido para Canadá, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Irlanda do Norte ou qualquer um dos países que compõem o acordo de Schengen —tratado de livre circulação entre nações europeias. Quem tiver residência fixa nesses países também não precisará emitir uma nova autorização junto ao governo do México.
No anúncio das redes sociais, a embaixada brasileira no México já recebeu reclamações nesta quarta. Um usuário, por exemplo, reclama que vai viajar no dia 19 de agosto e já tem o visto eletrônico, mas não o físico. Outro afirma que enviou emails ao órgão e não teve resposta, enquanto um terceiro alega que não consegue agendar a entrevista para emitir o documento.
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