A ditadura militar no poder em Mianmar aperta cada vez mais o cerco contra a ex-governante Aung San Suu Kyi. Já condenada a 11 anos de prisão, ela foi sentenciada nesta segunda-feira (15) a uma pena adicional de seis anos de detenção, em um julgamento denunciado como político pela comunidade internacional e uma "afronta à Justiça" por Washington.
A vencedora do prêmio Nobel da Paz, de 77 anos, foi declarada culpada de quatro acusações de corrupção.
Suu Kyi compareceu ao tribunal militar com aparente boa saúde, segundo uma fonte próxima ao caso, e não fez comentários após a leitura do veredicto.
Desde que foi detida em 1º de fevereiro de 2021, após um golpe militar que encerrou uma década de período democrático no país, a ex-governante permanece presa em um local secreto de Naipyidaw, a capital de Mianmar.
O processo, que começou há um ano e se dá com sessões a portas fechadas, prosseguirá no local em que Suu Kyi está detida. Seus advogados a aconselharam a não falar com a imprensa nem com organizações internacionais.
A ditadura acusa a ex-governante de várias infrações, como violação de uma lei sobre segredos de Estado, fraude nas eleições de 2020 —vencidas por seu partido—, sedição e corrupção. Ela pode ser condenada a várias décadas de prisão ao final do julgamento.
EUA dizem que condenação é 'afronta'
O governo dos Estados Unidos reagiu à nova condenação, que chamou de "afronta à Justiça e ao Estado democrático de Direito".
Segundo um porta-voz do Departamento de Estado, a detenção, a condenação e a sentença do regime militar de Mianmar contra a Nobel da Paz são injustas.
Filha de um herói da independência de Mianmar e vencedora das eleições de 2015 e 2020, Suu Kyi já passou 15 anos em prisão domiciliar, durante a ditadura militar anterior.
Ela continua sendo uma figura muito popular no país, ainda que sua imagem internacional tenha sido afetada pela perseguição do Exército à minoria muçulmana dos rohingyas em 2016 e 2017 —um "genocídio" segundo o governo dos EUA.
A junta militar tomou o poder alegando supostas fraudes nas eleições de 2020, vencidas com folga pelo partido de Suu Kyi. Desde o golpe, mais de 2.100 civis morreram em ações violentas e mais de 15 mil estão detidos, segundo uma ONG local.
O Exército de Mianmar defende seu projeto de organizar eleições em 2023, algo que Washington já rejeitou e qualificou de simulação.
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