Mianmar condena ex-líder Suu Kyi a mais 6 anos de prisão

Prêmio Nobel da Paz já havia sido sentenciada a 11 anos em julgamentos denunciados como injustos

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Yangon (Mianmar) | AFP

A ditadura militar no poder em Mianmar aperta cada vez mais o cerco contra a ex-governante Aung San Suu Kyi. Já condenada a 11 anos de prisão, ela foi sentenciada nesta segunda-feira (15) a uma pena adicional de seis anos de detenção, em um julgamento denunciado como político pela comunidade internacional e uma "afronta à Justiça" por Washington.

A vencedora do prêmio Nobel da Paz, de 77 anos, foi declarada culpada de quatro acusações de corrupção.

Aung San Suu Kyi em foto de 2020, antes de ser presa - 17.jan.20/AFP

Suu Kyi compareceu ao tribunal militar com aparente boa saúde, segundo uma fonte próxima ao caso, e não fez comentários após a leitura do veredicto.

Desde que foi detida em 1º de fevereiro de 2021, após um golpe militar que encerrou uma década de período democrático no país, a ex-governante permanece presa em um local secreto de Naipyidaw, a capital de Mianmar.

O processo, que começou há um ano e se dá com sessões a portas fechadas, prosseguirá no local em que Suu Kyi está detida. Seus advogados a aconselharam a não falar com a imprensa nem com organizações internacionais.

A ditadura acusa a ex-governante de várias infrações, como violação de uma lei sobre segredos de Estado, fraude nas eleições de 2020 —vencidas por seu partido—, sedição e corrupção. Ela pode ser condenada a várias décadas de prisão ao final do julgamento.

EUA dizem que condenação é 'afronta'

O governo dos Estados Unidos reagiu à nova condenação, que chamou de "afronta à Justiça e ao Estado democrático de Direito".

Segundo um porta-voz do Departamento de Estado, a detenção, a condenação e a sentença do regime militar de Mianmar contra a Nobel da Paz são injustas.

Filha de um herói da independência de Mianmar e vencedora das eleições de 2015 e 2020, Suu Kyi já passou 15 anos em prisão domiciliar, durante a ditadura militar anterior.

Ela continua sendo uma figura muito popular no país, ainda que sua imagem internacional tenha sido afetada pela perseguição do Exército à minoria muçulmana dos rohingyas em 2016 e 2017 —um "genocídio" segundo o governo dos EUA.

A junta militar tomou o poder alegando supostas fraudes nas eleições de 2020, vencidas com folga pelo partido de Suu Kyi. Desde o golpe, mais de 2.100 civis morreram em ações violentas e mais de 15 mil estão detidos, segundo uma ONG local.

​O Exército de Mianmar defende seu projeto de organizar eleições em 2023, algo que Washington já rejeitou e qualificou de simulação.

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