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Premiê do Peru renuncia, e Castillo nomeará 5º gabinete em 1 ano em meio a crise

Torres foi o 4º titular no cargo; presidente, de gestão instável e alvo de investigações, não se pronuncia

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Lima | Reuters e AFP

Em pouco mais de um ano no poder, o presidente do Peru, Pedro Castillo, disse que espera nomear seu quinto gabinete nesta sexta-feira (5). A mudança foi forçada depois de o premiê Aníbal Torres apresentar sua renúncia do posto na quarta (3), alegando "motivos pessoais".

É tradição no país que os demais ministros também coloquem seus cargos à disposição quando o premiê renuncia —o titular é responsável por coordenar o gabinete e administrar as relações do Executivo com os demais Poderes do Estado.

Com isso, Castillo, um esquerdista conservador de viés populista, precisará recompor o ministério e obter a aprovação do Legislativo em seguida —ainda que alguns titulares possam ser indicados para permanecer no governo.

Primeiro-ministro do Peru, Aníbal Torres, discursa durante sessão plenária, em Lima
Primeiro-ministro do Peru, Aníbal Torres, discursa durante sessão plenária, em Lima - Victor Gonzales - 8.mar.22 / AFP

Em carta publicada no Twitter, Torres agradeceu a Castillo pela confiança. Ele estava na gestão federal desde o início, inicialmente como ministro da Justiça, e assumiu o cargo de premiê em fevereiro, como uma espécie de pacificador na articulação com o Congresso. Esses seis meses fizeram dele o titular que mais tempo ficou na função no mandato de Castillo —evidente sinal da crise política do país.

Torres, 79, apoiava Castillo desde a candidatura à Presidência e era visto como um dos políticos mais leais ao presidente. Segundo a imprensa peruana, ele deve ser substituído pelo atual ministro da Cultura, Alejandro Salas, ou pela deputada e ex-ministra do Trabalho Betssy Chávez.

Na semana passada o jornal El Comercio já mostrara que Castillo cogitava promover trocas em ao menos seis ministérios, incluindo o posto de premiê. De acordo com pesquisa da Ipsos, feita em julho e também destacada pelo veículo, 66% dos peruanos defendiam a substituição de Torres.

A nova troca se dá num momento em que o presidente tem cinco inquéritos correndo contra ele. Entre os possíveis crimes investigados pelo Ministério Público estão supostos esquemas de corrupção em obras públicas e tráfico de influência em um contrato de compra de combustível. Pesquisas apontam que ele é reprovado por 74% dos eleitores.

Em meio ao desgaste, o peruano é alvo também de investigação por plágio em sua dissertação de mestrado. "Um ano [de governo] e meus rivais, até agora, não conseguiram encontrar nenhuma prova. Estou aqui pela vontade do povo, chegou o momento de as regiões serem escutadas", defendeu recentemente.

Os presidentes peruanos podem ser investigados enquanto estiverem no cargo, mas a legislação impede que sejam acusados.

No ano passado, Castillo contou com o voto de rejeição aos políticos tradicionais, em meio a uma crise de representação anterior ao pleito. Dos últimos quatro eleitos, apenas um presidente empossado conseguiu terminar o mandato sem renunciar ou sofrer impeachment.

Diferentemente de seus antecessores, o esquerdista parece protegido dos processos de vacância pelo fato de o Congresso estar fragmentado e não ter conseguido, até aqui, juntar os 87 votos (dos 130 deputados) necessários para tirá-lo do jogo —ainda que não tenham faltado tentativas.

Em um ano de poder, o líder peruano mudou de partido após ser acusado pelos ex-correligionários de não ter colocado em prática o programa da legenda nem ter cumprido as promessas eleitorais. A sigla, inclusive, chegou a declarar oposição ao governo.

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