Descrição de chapéu Rússia basquete

Rússia confirma negociação para trocar americana por traficante de armas preso

Pela primeira vez, Moscou admite conversar com EUA sobre libertação da jogadora de basquete Brittney Griner, presa por posse de óleo de haxixe

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Moscou | AFP

Um diplomata russo disse neste sábado (13) que Moscou e Washington estão negociando uma possível troca de prisioneiros para libertar a estrela do basquete americano Brittney Griner, confirmando o nome do traficante de armas russo Viktor Bout —que está detido nos EUA—como possível contrapartida.

Em entrevista à agência estatal Tass, o diretor do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Darchiev, afirmou que as conversas sobre a "questão muito delicada" envolvendo a troca de prisioneiros estão ocorrendo por meio dos canais designados pelos presidentes Joe Biden e Vladimir Putin.

Segundo ele, o nome do traficante está sendo efetivamente levado em consideração. "A Rússia há muito busca a libertação de Viktor Bout", disse.

Brittney Griner, jogadora de basquete americana, ao chegar a audiência por posse ilegal de cânabis - Kirill Kudriavtsev - 07.ago.22/AFP

Conhecido como "Mercador da Morte", Bout foi detido em Bancoc, na Tailândia, numa operação da Agência de Repressão às Drogas dos EUA, em 2008, e extraditado para Nova York em 2010. Cumprindo uma pena de 25 anos de prisão, ficou famoso por inspirar o filme "O Senhor das Armas", estrelado por Nicolas Cage.

Em julho, a Casa Branca havia proposto entregar o traficante em troca de Brittney Griner e do ex-militar Paul Whelan, ambos detidos na Rússia, mas só agora Moscou confirmou a existência das negociações.

Viktor Bout é escoltado por policial ao chegar em tribunal criminal em Bancoc, na Tailândia - Damir Sagolj - 04.ago.10/Reuters

Griner foi detida em 17 de fevereiro, no Aeroporto Internacional Sheremetievo, próximo a Moscou, acusada de carregar cartuchos de óleo de haxixe —substância derivada da cânabis que é ilegal na Rússia—, para serem usados em um cigarro eletrônico.

Logo após ser presa, Griner assumiu diante de um tribunal russo a culpa por levar o óleo de haxixe para o país, mas sempre sustentou que não o fez por querer, dizendo que não sabia como a substância foi parar em sua bagagem. Nos EUA, ela tem prescrição médica para usar maconha de forma medicinal para tratar de dores crônicas —o que seria comum entre atletas de elite.

No início de agosto, a jogadora de basquete foi condenada a nove anos de prisão, num caso que ajudou a adicionar temperatura à tensão diplomática crescente entre Moscou e Washington, mobilizando também a comunidade esportiva.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou a acusar o governo russo de usar indivíduos como peões políticos. "[A prisão e a sentença] demonstram o uso de detenções ilícitas por parte de Moscou para promover sua própria agenda", disse ele.

O assunto chegou, inclusive, à audiência final do processo de Griner, que pediu que o tribunal não a visse por essa perspectiva. "Sei que todo mundo continua falando sobre 'peão político' e sobre política, mas espero que isso esteja longe deste tribunal", disse.

Como muito do que envolve diplomacia nos EUA, o caso também provocou debate interno, que esquentou após a oferta de libertação do traficante de armas. O ex-presidente republicano Donald Trump, acusado por opositores de fazer o jogo político de Putin nos EUA, condenou os esforços —com direito ao habitual exagero— para libertar a jogadora, a quem chamou de mimada.

"Ela entrou carregada de drogas em um território hostil, onde eles são muito vigilantes quanto a drogas, não gostam de drogas", afirmou, em entrevista a um podcast. "Ela foi pega e agora devemos tirá-la do país? E ela ganha, você sabe, muito dinheiro, eu acho. Devemos trazê-la trocando-a por um assassino frio e um dos maiores traficantes de armas do mundo, [que] matou muitos americanos? E ela vai receber uma passagem grátis, e nós vamos buscá-la."

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