Descrição de chapéu China

Taiwan acusa China de simular ataques à ilha em meio a crise regional

Pequim promove exercícios para demonstrar força após visita de deputada americana, e EUA estreitam aliança com Filipinas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O Ministério da Defesa de Taiwan acusou a China de promover simulações de ataque militar, por meio aéreo e naval, à ilha principal neste sábado (6), terceiro dia consecutivo de exercícios de Pequim nos arredores do território.

A pasta alega que ao menos 20 aeronaves chinesas entraram na Zona de Identificação de Defesa Aérea da ilha e, destas, 14 cruzaram a chamada Linha Meridiana, uma fronteira extraoficial que divide o estreito de Taiwan da China continental. Além disso, 14 navios de Pequim teriam sido observados realizando atividades no local.

Soldado observa o mar em meio a exercícios de combate da Marinha chinesa em águas no estreito de Taiwan - Lin Jian - 5.ago.22/Xinhua

Ainda segundo a pasta, o Exército de Taiwan emitiu um alerta, acionou forças de reconhecimento aéreo, navios e lançadores de mísseis em terra para lidar com a situação e enviou jatos para alertar as aeronaves chinesas. A situação teve uma escalada de tensões nesta semana, desde a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taipé.

Pequim, que havia feito ameaças para que os americanos "não brincassem com fogo" e indicando retaliações caso a viagem fosse realizada, desde então começou de fato a agir. Na quinta-feira (4), disparou mísseis balísticos em direção a Taiwan. Na sexta (5), promoveu a maior mobilização aérea de sua história no estreito.

No contexto desses movimentos, já na quarta (3) ao menos 22 aviões chineses haviam cruzado a fronteira aérea. Ao mesmo tempo, manobras navais com uso de munição real foram executadas a norte, sudoeste e leste da ilha, efetivamente bloqueando o tráfego marítimo.

A China considera Taiwan uma província rebelde e promete integrá-la a seu território. Por isso, vê qualquer mínimo sinal de legitimidade à independência da ilha, como o feito por Pelosi, um reconhecimento às forças separatistas. Em represália, o regime de Xi Jinping anunciou a suspensão do diálogo diplomático e de colaborações em áreas como o combate à emergência climática com os EUA.

Trata-se da mais aguda crise entre as duas maiores potências do mundo desde a Terceira Crise do Estreito de Taiwan, ocorrida na esteira da viagem do então líder da ilha para os EUA em 1995.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse neste sábado que a resposta de Pequim foi irresponsável. "Suspender a cooperação climática não pune os EUA, mas sim o mundo, em especial aquele em desenvolvimento", afirmou. "Não devemos manter a cooperação de interesse global refém de diferenças entre nossos países."

Blinken falou nas Filipinas, onde se encontrou com o recém-empossado presidente ​Ferdinand Marcos Jr., filho do ex-ditador do país. Ele afirmou que os dois países pretendem estreitar uma aliança militar e garantiu a Manila que os EUA sairão em sua defesa em caso de ataques no mar do Sul da China. "Isso invocaria compromissos de defesa mútua dos EUA."

A cooperação militar entre as duas nações, que firmaram pacto sobre o assunto na década de 1950, não é nova, mas toca em mais um ponto sensível para o regime chinês na disputa pelo Pacífico, especialmente em porções estratégicas para o comércio mundial.

Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, observa enquanto Ferdinand Marcos Jr., presidente das Filipinas, fala, durante reunião em Manila - Andrew Harnik/Pool - 6.ago.22/Reuters

Ainda neste sábado, Taiwan anunciou que o líder da produção de mísseis no país, Ou Yang Li-hsing, 57, vice-diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung-Shan, foi encontrado morto em um hotel após sofrer um ataque cardíaco.

Autoridades disseram não haver indícios de que a morte pudesse ter sido provocada por outro fator. Ele, segundo a família, tinha histórico de doença cardíaca. O órgão para o qual trabalhava, comandado pelos militares, busca dobrar a capacidade de produção de mísseis, chegando a cerca de 500 ainda este ano, de modo que a ilha aumente seu poder de combate em meio ao que Taipé descreve como ameaça militar chinesa.

A crise em Taiwan ocorre em paralelo à Guerra da Ucrânia, na qual a China apoia politicamente seu aliado Vladimir Putin. Os exercícios militares estão programados para acabar às 12h deste domingo (1h em Brasília). Taiwan está em alerta máximo, e os EUA mantêm navios na região, além de terem deslocado bombardeiros furtivos ao radar para a Austrália.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.