Alemanha fecha acordo com Emirados Árabes para suprir falta de gás russo

Limitado, acordo tem neste momento valor político; aproximação preocupa ativistas de direitos humanos

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Abu Dhabi | Reuters

A Alemanha anunciou um acordo com os Emirados Árabes para a compra de gás até o final de dezembro.

O pacto, firmado neste domingo (25), faz parte do esforço do país europeu para diversificar o fornecimento de energia desde o início da Guerra da Ucrânia, em fevereiro —a Rússia de Vladimir Putin era responsável pelo suprimento de cerca de 40% das necessidades energéticas alemãs até o ano passado.

O líder dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Mohamed bin Zayed al-Nahyan, cumprimenta o premiê alemão, Olaf Scholz, no Palácio de al-Shati, em Abu Dhabi
O líder dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Mohamed bin Zayed al-Nahyan, cumprimenta o premiê alemão, Olaf Scholz, no Palácio de al-Shati, em Abu Dhabi - Corte Presidencial dos Emirados Árabes Unidos via AFP

A negociação se dá no segundo dia da viagem do premiê Olaf Scholz em busca de opções energéticas e inclui o comprometimento de Abu Dhabi com a aceleração da segurança de Berlim nesse âmbito.

Segundo a companhia nacional de energia alemã, RWE, a entrega dos 137 mil metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL) será feita por um de seus terminais flutuantes em Brunsbuettel, perto de Hamburgo. Uma quantidade não especificada de carregamentos de gás natural também foi prometida pela petrolífera Adnoc (Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi) à Alemanha para o ano que vem.

Embora o volume seja relativamente pequeno, a negociação tem significado político —Scholz espera que um pacote de acordos do tipo ajude a diminuir os preços de energia antes da chegada do inverno.

A RWE afirmou que dois novos terminais flutuantes de GNL que constrói agora terão capacidade para receber até 12,5 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano, o equivalente a 13% do consumo do combustível no país no ano passado, segundo dados da consultoria Enerdata.

Depois dos Emirados Árabes, Scholz ainda viaja ao Qatar. Na véspera, ele havia se reunido com o príncipe saudita Mohammed bin Salman —seu país é o segundo maior produtor de petróleo depois dos EUA.

O encontro foi criticado por ativistas, já que o príncipe, conhecido por sua agenda repressora, é acusado de ter mandado assassinar o jornalista Jamal Khashoggi, crítico de seu regime. A Anistia Internacional, por exemplo, afirmou que o premiê "não deveria silenciar sobre as violações de direitos humanos".

Países ocidentais têm procurado as nações da região, marcada por infrações humanitárias, em meio à Guerra da Ucrânia e ao aumento dos preços de energia derivado do conflito. A lista dos que se encontraram com o príncipe herdeiro saudita nos últimos meses inclui, por exemplo, o presidente americano, Joe Biden, e o francês, Emmanuel Macron.

Desde o início do conflito, uma das principais vias de pressão da Rússia diante das sanções ocidentais tem sido a redução do fluxo de gás à Europa e a ameaça de parar de vez o fornecimento, além do aumento dos preços de exportação de combustível, prejudicando uma Europa com índices históricos de inflação.

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