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Eleição na Suécia é mais apertada do que indicou boca de urna, e apuração pode levar dias

Projeção indicava maioria para bloco governista de centro-esquerda, mas contagem inicial dá vantagem à direita

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Estocolmo | Reuters e AFP

Depois de as pesquisas de boca de urna indicarem uma vitória que garantiria a manutenção da maioria para o bloco de centro-esquerda no Parlamento da Suécia, os primeiros resultados oficiais indicaram vantagem para os partidos de direita. A contagem apertada fez com que integrantes dos dois lados do espectro político preferissem esperar.

A atual primeira-ministra, Magdalena Andersson, disse que a apuração está tão apertada que não permite declarar um vencedor ainda neste domingo (11). "As urnas estão fechadas, mas não teremos um resultado nesta noite", disse. Um de seus rivais, Ulf Kristersson, líder do Partido Moderado, disse em discurso a apoiadores que a contagem final pode ser conhecida apenas na quarta-feira (14).

Projeções de boca de urna divulgadas pela mídia sueca indicavam a coligação de centro-esquerda de Andersson ligeiramente à frente da oposição. Pesquisa da emissora pública SVT mostrou a coalizão governista com 49,8% dos votos, contra 49,2% do bloco que conta também com legendas de ultradireita. Isso garantiria a maioria absoluta à primeira-ministra no Parlamento, com 176 cadeiras contra 173.

A primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, em centro de votação na cidade de Nacka
A primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, em centro de votação na cidade de Nacka - Jonathan Nackstrand/AFP

Entretanto, com a apuração chegando a 90% dos votos já na manhã local de segunda (12), noite de domingo no Brasil, o que se viu foi exatamente o inverso: o bloco de direita com 176 assentos, contra 173 da centro-esquerda. O Parlamento tem 349 deputados.

Com isso, Kristersson, dos Moderados, seria o favorito para tentar liderar a formação de um governo e se tornar premiê, encerrando oito anos de poder da centro-esquerda —campo político que ganhou força recentemente na Escandinávia. "Ainda não sabemos qual será o resultado, mas estou pronto para fazer tudo o que puder para formar um governo novo, estável e vigoroso", disse.

A contagem de votos do exterior e enviados pelo correio, porém, podem alterar o quadro, dada a margem mínima. Por isso Andersson ainda se nega a reconhecer a derrota.

A autoridade eleitoral também previu o resultado final apenas para ao menos quarta-feira, o que não impediu o Partido Democrata de já celebrar. "No momento, parece que teremos uma mudança no poder, e nossa ambição é ter um assento no governo", disse o líder Jimmie Akesson a apoiadores.

A legenda, de forte discurso anti-imigração, conseguiu um avanço importante e deve se tornar a segunda maior do país, atrás apenas do Partido Social Democrata de Andersson, desbancando os Moderados. Isso indicaria uma mudança nos ventos de um país que historicamente se orgulhou de ser acolhedor para migrantes, em um momento em que novas crises de refugiados se desenrolam na Europa —afetando inclusive outros pleitos, como o italiano.

"Doze anos atrás chegamos ao Parlamento [pela primeira vez] com 5,7% dos votos. Agora temos 20,7%", destacou Akesson. Kristersson, porém, já disse que pretende contar com o apoio dos Democratas apenas no Parlamento, preferindo formar um governo com os Democratas-Cristãos e os Liberais.

O líder dos Moderados se vendeu na campanha como o único capaz de unir a direita e derrotar Andersson, a primeira mulher a chegar ao posto de primeira-ministra.

Segundo analistas, os debates foram dominados por temas favoráveis à oposição de direita, como a alta da criminalidade e da violência armada, os problemas de integração social e o aumento no custo de vida. Os candidatos foram instados a aumentar esforços para combater crimes cometidos por gangues e a crise de energia agravada pela Guerra da Ucrânia.

O país se envolveu de forma mais assertiva no conflito ao abandonar uma posição de neutralidade e pedir para entrar na Otan, a aliança militar ocidental, em meio ao avanço russo.

Na tentativa de se reeleger, Andersson se aliou aos partidos verdes. "Quero uma Suécia onde continuamos a desenvolver nossos pontos fortes. Nossa capacidade de enfrentar os problemas da sociedade juntos, formar um senso de comunidade e respeitar uns aos outros", disse a primeira-ministra após votar em um subúrbio de Estocolmo.

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