Pela primeira vez no Reino Unido, as quatro posições mais importantes do governo não serão chefiadas por homens brancos. A iniciativa é da nova primeira-ministra britânica Liz Truss, que anunciou os membros de seu gabinete horas depois de tomar posse nesta terça-feira (6).
Os cargos em questão são os de vice-primeira-ministra e de secretários das Relações Exteriores, das Finanças e do Interior. Seus ocupantes serão, nesta ordem, Therese Coffey —aliada fiel de Truss, que também assume a pasta da Saúde— e os filhos de imigrantes Kwasi Kwarteng, James Cleverley e Suella Braverman.
Entre os anúncios, dois representam ainda marcos históricos —o Reino Unido nunca tinha tido uma vice-primeira-ministra mulher ou um chanceler negro.
Já o Ministério do Interior será liderado pela segunda vez por uma mulher de minoria étnica, com Braverman sucedendo Priti Patel como responsável pelas áreas de segurança e imigração. O secretário das Finanças anterior, Rishi Sunak —que disputou com Truss a posição de primeiro-ministro—, de origem indiana e, portanto, também não branco.
O Partido Conservador, ao qual Truss pertence, tem feito um esforço contínuo para ampliar a diversidade interna desde o início dos anos 2000. O movimento foi chefiado sobretudo por David Cameron, líder entre 2005 e 2016.
Quando Cameron assumiu, só 2 dos 196 membros do partido no Parlamento pertenciam a uma minoria étnica. Ele então encaminhou uma lista de prioridades com candidatos mulheres e de minorias étnicas para serem selecionados para determinados cargos. Truss foi uma das que se beneficiaram do movimento.
Ainda assim, o partido não é propriamente uma vitrine no Parlamento nesse sentido. Só 6% do seu quadro em exercício é formado por políticos de minorias étnicas, enquanto as mulheres representam um quarto da legenda.
Além disso, seus membros enfrentam acusações de racismo, misoginia e islamofobia —o próprio Boris Johnson, que se despede agora do governo, desculpou-se publicamente em 2019 por dizer que mulheres que usam burcas parecem caixas de correio.
A maioria da população britânica não branca em geral vota na principal legenda da oposição, o Partido Trabalhista.
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