Descrição de chapéu imigrantes

Migrantes de Cuba desaparecem no mar devido ao furacão Ian, que chega à Flórida

Polícia de Miami resgatou 3 das 23 pessoas que sumiram quando barco afundou; Cuba começa a religar energia

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Miami | AFP e Reuters

Os fortes ventos e tempestades causados pelo furacão Ian, um dos mais intensos a atingir os Estados Unidos em décadas, causaram o naufrágio de um barco com dezenas de migrantes cubanos no litoral da Flórida nesta quarta-feira (28), segundo informações das forças de segurança do estado americano.

Deste total, 23 estavam desaparecidos inicialmente, mas 3 foram resgatados ao longo da tarde pela guarda costeira e levados para o hospital. Os 20 restantes seguem desaparecidos. Quatro outros conseguiram nadar até terra firme.

Eles chegaram até perto de Key West, ilha ao sul da Flórida afetada pelo Ian horas antes, informou o chefe da patrulha de Miami, Walter Slosar, e também foram hospitalizados. Key West é o ponto mais meridional da Flórida e fica a cerca de 150 quilômetros de Cuba. Segundo os migrantes, o barco havia partido de Matanzas, no norte da ilha.

Homem observa mar revolto em Havana, depois da passagem do furacão Ian - Yamil Lage -28.set.22/AFP

O furacão chegou a Cayo Costa, na Flórida, nesta quarta —depois de passar por Cuba—, com rajadas de vento e potencial de "impactos catastróficos", de acordo com boletim do Centro Nacional de Furacões. A intensidade do fenômeno chegou perto de atingir a categoria 5, a mais grave da escala, na qual ventos podem passar de 250 km/h. Só duas tempestades assim castigaram os EUA nos últimos 30 anos, ambas na Flórida.

Na noite desta terça, porém, o furacão perdeu força e foi rebaixado para a categoria 3, quando os ventos tem velocidade de 178 km/h a 210 km/h. Ainda assim, a previsão é de que o fenômeno provoque inundações de mais de 5 metros de altura, além de ondas gigantes entre as cidades de Englewood e Bonita Beach.

Milhões de moradores foram avisados ou receberam ordens para saírem de casa, mas o governador Ron DeSantis alertou na quarta que era tarde demais para quem ficou nos condados de Collier, Lee, Sarasota e Charlotte, previstos para serem atingidos pela parte mais forte da tempestade.

Em entrevista coletiva nesta quarta, o republicano disse que impactos do furacão estão chegando a lugares a centenas de quilômetros de onde a tempestade chegou à costa. "Esse é um grande problema, e acho que todos sabemos que haverá grandes, grandes impactos", afirmou, acrescentando que ainda que o pico das tempestades pareça ter passado, provavelmente todo o estado sofrerá consequências.

Mais de 1 milhão de casas na Flórida ficaram sem energia, segundo o site especializado PowerOutage, que registra os cortes de luz no país.

Em Cuba, o furacão colocou a rede elétrica em colapso na terça (27), deixando todo o país sem energia. O sistema elétrico cubano é frágil e obsoleto, em grande parte dependente de usinas da era soviética movidas a petróleo, e já vinha passando por problemas nos últimos meses. Apagões diários de horas de duração se tornaram rotina em grande parte da ilha.

Nesta quarta, a luz foi restabelecida para parte dos consumidores na maioria das regiões, informou o regulador estatal. A capital, Havana, foi atingida pela cauda do furacão quando ele saía de Cuba e entrava no Golfo do México em direção à Flórida —a paisagem nas ruas da cidade era de um emaranhado de árvores caídas, lixo e fiação.

Ao menos cinco prédios desabaram completamente na capital, segundo relatórios oficiais, e 68 foram parcialmente destruídos. Mais de 16 mil pessoas foram realocadas para abrigos. As autoridades não deram estimativa de quando a energia seria totalmente restaurada.

A perspectiva de apagões prolongados deixou os moradores ansiosos. "Sempre corremos o risco de nossa comida estragar", disse Freddy Aguilera, dono de um pequeno restaurante em Havana, que não pôde abrir nesta quarta. "Não temos gerador, não temos como conservar nossos produtos."

A escassez de alimentos, combustível e remédios, aguda mesmo antes da tempestade, deixou muitos cubanos se perguntando o que fazer. "Olhe para a água da enchente", disse Olga Gomez, que mora perto da orla de Havana, em uma avenida propensa a inundações. "Temos que ver onde podemos encontrar pão, para que nossos meninos tenham algo para comer."

Pelo menos duas pessoas morreram em Cuba com a passagem do furacão, ambas na província de Pinar del Río: uma atingida pelo desabamento de um muro e um homem, pelo de um telhado.

A crise climática está tornando os furacões mais úmidos, ventosos e intensos. Também há evidências de que faz as tempestades viajarem mais lentamente, o que significa que elas podem despejar mais água em um só lugar, dizem os cientistas. "Pesquisas mostram que estamos vendo isso com muito mais frequência do que nas décadas passadas", disse Kait Parker, cientista climático do site Weather.com.

Erramos: o texto foi alterado

Key West é o ponto mais meridional, não setentrional, da Flórida.

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