O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse nesta quarta-feira (21) não acreditar que o mundo permitirá que a Rússia use armas nucleares na guerra em seu país. A declaração veio horas depois de seu homólogo russo, Vladimir Putin, anunciar que está disposto a usar armas nucleares se necessário e decretar a mobilização de até 300 mil reservistas para o conflito.
Semanas antes do início da invasão russa Zelenski minimizara a possibilidade de uma guerra em seu país.
Em mensagem enviada à agência de notícias Reuters, Mikhailo Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano, disse que o anúncio do Kremlin é "absolutamente previsível" e o associou a reveses recentes de Moscou no conflito –nas últimas semanas, as tropas russas deixaram cidades na região de Kharkiv depois de uma contraofensiva de Kiev.
"A guerra claramente não está indo de acordo com o cenário da Rússia e, portanto, exigiu que Putin tomasse decisões extremamente impopulares para mobilizar e restringir severamente os direitos das pessoas", afirmou.
Seja como for, o anúncio do Kremlin causou palavras de indignação e ações de alerta no Ocidente. Algumas das palavras mais duras foram as do papa Francisco, que chamou de loucura a possibilidade do uso de armas nucleares na guerra.
Nessa guerra trágica, alguns têm pensado em usar armas nucleares, o que seria uma loucura. Esse país rejeitou as armas nucleares desde o início
Em discurso à Assembleia-Geral da ONU, o presidente dos EUA, Joe Biden, adotou tom incisivo e crítico à Rússia. O americano disse que Moscou rompeu princípios da Carta das Nações Unidas e tenta apagar do mapa um Estado soberano.
No outro eixo geopolítico, a China pediu um cessar-fogo no conflito e diálogo entre Moscou e Kiev. Na semana passada, o líder chinês Xi Jinping se encontrou com Putin no Uzbequistão, em um evento da Organização de Cooperação de Xangai. Xi tem evitado apoiar abertamente a Rússia na guerra, embora faça críticas frequentes ao Ocidente.
Outros líderes e figuras de peso da diplomacia internacional manifestaram preocupação e reagiram aos mais recentes anúncios de Vladimir Putin.
O discurso é uma escalada da guerra, mas também não surpreende. Estamos, portanto, preparados. Vamos manter a calma e continuar a ajudar a Ucrânia. A fala de Putin mostra que a guerra não está indo de acordo com seus planos. Ele cometeu um grande erro de cálculo
A decisão dele [Putin] é uma notícia ruim para o povo e para os jovens russos e vai aumentar o isolamento do país
Uma questão que nós, da comunidade internacional, devemos enfrentar é: assistiremos de braços cruzados à vontade de alguns de catapultar o mundo de volta ao tempo em que a guerra era a política e que nações independentes deviam se juntar aos vizinhos mais fortes? Ou iremos assegurar que o mundo do século 21 continue sendo multilateral? A minha resposta, como europeu e alemão, é que isso precisa ser assegurado
É mais um passo ruim e errado dado pela Rússia, que, invariavelmente, iremos discutir como responder no âmbito político
Temos que discutir essa ameaça, reiterar o apoio contínuo à Ucrânia e alertar a comunidade internacional sobre a situação inaceitável em que Putin está nos colocando. É nítido que a Rússia quer destruir a Ucrânia, não vamos nos intimidar
É algo [o anúncio de Putin] que devemos levar muito a sério, pois não estamos no controle da situação. E, na verdade, não tenho certeza de que ele [Putin] esteja no controle. É obviamente uma escalada do conflito
Referendos falsos e mobilização são sinais de fraqueza, de fracasso russo. Os Estados Unidos nunca irão reconhecer os territórios da Ucrânia que a Rússia alega ter anexado apropriadamente
Condeno veementemente os pseudorreferendos no território ucraniano ocupado pela Rússia. Trata-se de uma anexação ilegal inaceitável. Reiteramos nosso apoio à soberania e à integridade territorial da Ucrânia
O discurso do presidente Putin tinha a intenção de assustar a comunidade internacional. Quanto ao objetivo das ameaças nucleares, é o mesmo de sempre: gerar medo e aterrorizar a população. O Kremlin está chantageando a comunidade internacional e impedindo a Europa de apoiar a Ucrânia. A Europa não vai se cansar
A mobilização parcial declarada por Putin é uma tentativa de escalar o conflito iniciado pela Rússia na Ucrânia e é uma prova de que os russos são os únicos agressores
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