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Presidente do Peru depõe ao Ministério Público pela terceira vez desde junho

Pedro Castillo é acusado de corrupção e obstrução de Justiça; ele nega envolvimento

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São Paulo

Pela terceira vez em pouco mais de dois meses, o presidente do Peru, Pedro Castillo, prestou depoimento ao Ministério Público sobre processos que o acusam de desvio de dinheiro público, fraude e obstrução da Justiça. Nesta segunda-feira (5), a procuradoria o interrogou em relação a uma suposta rede de corrupção que funcionaria dentro do governo e à acusação de interferência na polícia peruana.

Na ação criminal —a quinta contra Castillo—, os procuradores alegam que o presidente teria agido para obstruir a Justiça ao demitir seu ministro do Interior, em 20 de julho, com o objetivo de suspender uma investigação contra aliados.

Mariano González ocupava o cargo havia apenas duas semanas. Para o Ministério Público, Castillo tentou impedir a nomeação de uma equipe especial da polícia para localizar dois membros da comitiva presidencial que estavam foragidos.

Presidente do Peru, Pedro Castillo, chega à sede do Ministério Público, em Lima
Presidente do Peru, Pedro Castillo, chega à sede do Ministério Público, em Lima - Ernesto Benavides - 5.set.22/AFP

Logo após sua demissão, González pediu ao Congresso a destituição de Castillo e o acusou de proteger membros de seu entorno político.

À imprensa, o presidente peruano disse nesta segunda que rejeita categoricamente todas as acusações. "Iremos aonde eles nos convocarem", acrescentou. Ele ainda foi interrogado sobre um suposto tráfico de influência na petrolífera estatal do país, a Petroperu. Castillo também depôs ao Ministério Público em 17 de junho por supostas propinas em contratos de obras públicas e em 4 de agosto por supostas promoções irregulares nas Forças Armadas.

Nas últimas ocasiões, Castillo foi andando do palácio presidencial à sede da Promotoria, cercado por manifestantes. Desta vez, porém, chegou ao órgão em um veículo oficial. Pequenos grupos de manifestantes a favor e contra o esperavam na porta e, após a audiência —que durou cerca de duas horas e meia— seu carro foi alvejado com ovos.

Sua esposa, Lila Paredes, também deveria prestar depoimento nesta segunda, mas a Justiça peruana cancelou a audiência minutos antes do horário marcado. "Vão nos notificar da nova data. Não sabemos por que foi suspensa, minha cliente tinha toda a vontade de comparecer", disse o advogado Benji Espinoza. Paredes é acusada de corrupção e lavagem de dinheiro.

A primeira-dama também já prestou depoimento em outras situações: foi interrogada pelo Ministério Público em 8 de julho e, cinco dias depois, atendeu a uma intimação do Congresso, onde se recusou a responder a perguntas.

Ainda nesta segunda, o Ministério Público peruano informou, via Twitter, que incluiu o atual primeiro-ministro do país, Aníbal Torres, e o ministro da Justiça e Direitos Humanos, Félix Chero, na investigação sobre a suposta rede de corrupção liderada por Castillo. O titular da pasta de Transportes e Comunicações, Geiner Alvarado, também é investigado no caso.

Os promotores acusam o presidente de desviar dinheiro público nos mais altos cargos do Executivo. Castillo, segundo o órgão, nomeou pessoas de confiança para cargos-chave do governo e os obrigou a fraudar licitações. Além da primeira-dama, a cunhada do presidente, Yenifer Paredes, também estaria envolvida no caso —ela cumpre prisão preventiva de 30 meses em um presídio de Lima.

O presidente tem cinco inquéritos correndo contra ele. Entre os possíveis crimes investigados pelo Ministério Público estão supostos esquemas de corrupção em obras públicas e tráfico de influência em um contrato de compra de combustível.

Em meio ao desgaste político e criminal, ele é alvo também de investigação por plágio em sua dissertação de mestrado. No Peru, o chefe de Estado pode ser investigado enquanto estiver no cargo, mas a legislação impede que ele seja julgado.

Acusações de corrupção no mais alto nível do governo não são novas no país. Situações semelhantes levaram à queda do presidente de direita Pedro Pablo Kuczynski em 2018 e do centrista Martín Vizcarra em 2020.

Com AFP

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