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Brasileiro preso por ataque a Cristina tem ficha suja e tatuagens associadas a nazismo

Fernando Andrés Sabag Montiel, 35, se recusou a ser interrogado após tentar atirar contra a vice-presidente da Argentina

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São Paulo e Santiago

O homem preso por tentar atirar na vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na noite desta quinta (1º) é um brasileiro de 35 anos que já foi autuado por porte de arma branca e possui tatuagens com referências nazistas.

Fernando Andrés Sabag Montiel foi preso logo após puxar o gatilho de uma pistola Bersa calibre 32 contra o rosto de Cristina quando ela chegava em casa, no bairro nobre da Recoleta, em Buenos Aires.

O brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, 35, foi preso após tentar atirar na vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, na noite desta quinta (1º) - Reprodução

Os vídeos mostram a ex-presidente sendo saudada por uma multidão de apoiadores ao sair do carro quando ele se aproxima a menos de 1 metro e puxa o gatilho da arma, que falhou. Segundo La Nación, ela relatou não ter se dado conta de que uma arma havia sido apontada perto de seu rosto, só percebendo o que acontecera ao chegar em casa.

O brasileiro usava touca e máscara, e teria saído correndo depois de tentar atirar, mas foi seguido por cinco pessoas e preso.

Brasileiro e com o pai investigado pela PF

Sabag nasceu em 13 de janeiro de 1987, no Brasil e, segundo a imprensa local, vive na Argentina desde 1993. Um investigador ligado ao caso ouvido pelo jornal La Nación afirmou que sua última entrada no país através do Brasil foi em 2018.

Sua mãe é argentina e seu pai, o chileno Fernando Ernesto Montiel Araya, já foi alvo de um inquérito da Polícia Federal em 2020 que pedia sua expulsão do Brasil por ter sido condenado em uma sentença penal.

Mesmo que viva na Argentina há bastante tempo, Sabag é brasileiro por ter nascido no Brasil —o país concede cidadania por território, diferentemente de outros países, nos quais a cidadania é transmitida por sangue.

Antecedentes criminais

O brasileiro que tentou atirar em Cristina já possuía passagem na polícia argentina, datada de março de 2021. De acordo com o jornal Clarín, Sabag foi interceptado por dirigir sem a placa traseira do carro no bairro de La Paternal, onde supostamente morava à época. Na ocasião, ele afirmou às autoridades que a placa havia caído dias antes por causa de um acidente.

Os agentes pediram então que ele saísse do veículo e, quando a porta do carro se abriu, uma faca de 35 centímetros de comprimento caiu no chão. O brasileiro afirmou que usava o objeto para se defender, mas terminou autuado por porte de arma branca.

Munições em casa

Na madrugada desta sexta-feira (2), horas após o ataque, policiais realizaram uma operação em uma das residências do brasileiro, onde apreenderam um notebook da marca HP e cem balas de calibre 9 milímetros. Os projéteis estavam guardados em duas caixas e serão examinados pelos investigadores.

Antes de chegar ao imóvel, as autoridades foram a uma outra residência atribuída ao brasileiro, mas que está alugada. De acordo com a imprensa argentina, um dos inquilinos disse que desconhecia as opiniões do agressor, acrescentando que o tomava como um "rapaz normal e tranquilo".

Motorista de aplicativo e imóvel alugado

As autoridades só chegaram ao endereço correto após um homem se apresentar à delegacia como o responsável por alugar uma casa no bairro de San Martín a Sabag há aproximadamente oito meses.

Em depoimento, o dono do imóvel disse ter reconhecido o brasileiro pela TV e informado que nunca teve problemas com ele. Também disse que o homem é dono de três veículos que usa para trabalhar em Buenos Aires. Segundo registros comerciais, ele atuaria como motorista de aplicativo.

Fetiches e casa em péssimas condições

O imóvel onde Sabag morava tinha cerca de 15 metros quadrados e foi encontrado pelos policiais em péssimas condições. Segundo o La Nación, além do forte odor vindo do vaso sanitário —que parecia entupido há vários dias—, a pia estava quebrada e havia pilhas de panelas sujas e, no chão, de cobertores, roupas e alimentos.

Entre os objetos encontrados no imóvel estavam lingeries, vibradores e um chicote de couro sintético preto.

O veículo argentino conversou com um homem que se identificou como o melhor amigo de Sabag. "O mais surpreendente, além do cheiro e da sujeira, é a quantidade de elementos fetichistas. Não tínhamos ideia dessa faceta dele", disse Fabricio Pierucchi.

Pessoas próximas de Sabag se declararam perplexas com as suas ações. Em entrevista à emissora argentina Telefe, uma mulher identificada como sua companheira, Ambar, disse que jamais "tinha pensado que ele seria capaz de algo assim". Eles viviam juntos há um mês. "Para mim ele era uma boa pessoa, carinhosa, que fazia piadas", contou ela, que deu entrevista ao lado de outros amigos do brasileiro.

Grupos de ódio

Um perfil nas redes sociais atribuído ao agressor, sob o nome Fernando Salim Montiel, seguia diversas páginas ligadas a grupos radicais e discursos de ódio. Os perfis teriam sido bloqueados horas depois da tentativa de disparo.

Entre outros interesses, Sabag seguia perfis que se apresentam como lojas ou ordens maçônicas, assim como páginas como "Comunismo Satânico", "Ciências Ocultas Herméticas" e "Coach Antipsicopata".

Tatuagens com referências nazistas

Em uma publicação no Instagram, o brasileiro aparece com o que indica ser um tatuador e diz ter feito o desenho de uma suástica com ele. Segundo o jornal Clarín, Sabag também possui um sol negro tatuado no braço, símbolo que lembra uma iconografia usada pela SS, a polícia do Estado nazista, e faz referência a um ramo oculto do partido de Adolf Hitler.

Aparições na TV

A imprensa argentina também destacou aparições recentes do brasileiro na TV local, dando entrevistas com críticas a programas sociais do governo e falas contra a presença de estrangeiros no país.

Em uma ocasião, ele aparece participando de um levantamento que antecede a recente posse de Sergio Massa como ministro da Economia. Nas publicações que fez nas redes sociais informando ter sido entrevistado, Montiel se gaba de ter aparecido "criticando o governo".

Tentativa de homicídio qualificado

A juíza responsável pelo caso, María Eugenia Capuchetti, foi à sede da Polícia Federal argentina para colher o depoimento de Sabag por volta das 21h desta sexta (2), mas ele se recusou a ser interrogado, segundo a imprensa local. A vice-presidente contou sua versão do caso pela manhã, em sua casa, que ela transformou numa espécie de quartel-general nas horas após o crime.

Também na manhã desta sexta, a magistrada tomou as primeiras medidas para investigar o ataque, que está sendo tratado como "tentativa de homicídio qualificado".

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