Descrição de chapéu Rainha Elizabeth 2ª

Rei Charles 3º é recebido com choro no Palácio de Buckingham após morte de Elizabeth 2ª

Milhares de londrinos aproveitaram dia de sol para prestar homenagens à rainha e receber seu filho e sucessor

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Londres

Em sua primeira aparição pública como rei, Charles 3º trocou palavras e apertou as mãos de diversos súditos em frente ao Palácio de Buckingham, onde milhares de pessoas se reuniam desde a manhã desta sexta-feira (9). O monarca de 73 anos chegou a Londres vindo do castelo de Balmoral, na Escócia, por volta das 14h (8h em Brasília) e, ao lado da mulher, Camilla Parker Bowles, olhou detidamente as flores colocadas nas grades em homenagem à mãe, a rainha Elizabeth 2ª. Em seguida, entrou no palácio.

A escocesa Nadia Rupa Alam foi uma das súditas que cumprimentaram pessoalmente o novo rei. Ela havia chegado pouco antes de Charles e se viu no local certo na hora certa. Um segurança a orientou a não tirar selfies, mas a dar a mão ao monarca. Com o cumprimento, ela disse a Charles que sentia muito por sua perda e recebeu um agradecimento pelas palavras de gentileza. "A mão dele é suave e calorosa. Ele trazia tristeza no rosto, mas também bondade."

O sol convidou muitos londrinos e estrangeiros a prestar homenagens à rainha, morta na quinta-feira (8) em Balmoral, aos 96 anos. Pouco antes da chegada de Charles, ouviu-se uma salva de 96 tiros, um para cada ano vivido pela rainha, disparados por canhões nos jardins ao redor de Buckingham.

Mesmo que o semblante da maioria não fosse necessariamente fechado, a expressão mudava quando as pessoas eram convidadas a falar sobre a morte de Elizabeth. De cartola, colete, guarda-chuva e uma faixa preta no braço esquerdo marcando o luto, Tony Dowdeswell se emocionou ao dizer que estava com o coração partido.

O rei Charles 3º chega ao Palácio de Buckingham e vê flores em homenagem a sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª - Daniel Leal - 9.set.22/AFP

"Mal posso colocar em palavras. A rainha foi parte da minha vida. Ela está em todo lugar. No meu bolso, nas notas e moedas. Nas cartas que eu escrevo, pois seu rosto está nos selos. E agora minha rainha se foi", disse. Ele lembrou que conheceu a mãe da rainha, Elizabeth Bowes-Lyon (1900-2002), em um evento de escoteiros em 1989. "Eu tinha 18 anos e recebi um prêmio das mãos dela. Fiquei tão orgulhoso! Mas a rainha eu nunca conheci pessoalmente", lamentou.

Uma fila de cerca de um quilômetro se formou em volta do palácio para as pessoas que queriam se aproximar das grades e depositar flores. O casal londrino James e Barbara, que preferiu não dizer o sobrenome, estava por ali. Eles também estiveram no Jubileu de Platina da rainha, em junho deste ano, quando foram comemorados 70 anos de reinado, e em outros eventos reais no local.

James disse que a salva de canhões à tarde foi o que fez cair a ficha —e estava bem informado. Ao saber que falava com um jornalista brasileiro, disse que leu que o Brasil havia decretado três dias de luto pela rainha. Barbara falou de sua admiração pela soberana e, quando a Folha mostrou o Cristo Redentor iluminado com as cores da bandeira britânica, ela não se segurou. "Seu país está sendo tão respeitoso com nossa rainha. É adorável", disse, com lágrimas escorrendo e voz embargada.

A exemplo de muitos londrinos, Luiz Carlos Chagas, funcionário do departamento cultural da Embaixada do Brasil em Londres, aproveitou a hora do almoço para prestar sua homenagem. "Meu lado brasileiro não sofre tanto, mas para o meu lado britânico ela significava muito", afirmou Chagas, há 25 anos na cidade.

"Elizabeth foi um modelo para muitas pessoas, sob diversos aspectos. Morando a tanto tempo em Londres, a gente assimila parte dessa cultura", disse ele, que também esteve na cerimônia da morte da mãe da rainha, em 2002.

Na tarde de quinta, assim a morte de Elizabeth 2ª foi confirmada, o cerimonial colocou um pequeno aviso, uma folha de papel comum enquadrada com vidro, na grade ao lado do portão principal de Buckingham. O escrito dizia: "A rainha morreu em paz nesta tarde em Balmoral. O rei e a rainha consorte ficarão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã".

Nesta sexta, havia uma barreira em volta, mas, na quinta, o aviso se tornou o point mais disputado para tirar selfies da cidade. "Estava meio perigoso, até. Todo mundo se espremendo para tentar chegar no anúncio", contou Tatiana Rocha, que mora em Londres há sete anos com o marido. "Eu chorei bastante quando soube da notícia. A impressão que dá é como se alguém da minha família estivesse indo embora. Não tem quem não goste da rainha. Todo mundo tem um apreço pela rainha Elizabeth… Tinha, né? Que Deus a tenha", disse.

"Nunca perdi uma mensagem de Natal da rainha. Em 2019, ela me marcou muito. Fiquei internada seis dias pelo NHS [sistema britânico de saúde], estávamos naquele início da [pandemia de] Covid-19. E como ela nos deu força, a todo o seu reino, a todos os seus súditos, a todos os que precisavam naquele momento! Esse pronunciamento de Natal vai ficar no meu coração. Hoje meu coração está partido, partido, partido. Eu não gosto do Charles, mas fazer o quê? God save the king."

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