Descrição de chapéu Eleições 2022

Senado dos EUA aprova moção em favor da democracia no Brasil

Parlamentares pedem que governo Biden reconheça imediatamente vencedor nas urnas no Brasil

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Washington

Em meio a ameaças e contestações ao sistema eleitoral brasileiro feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o Senado dos Estados Unidos aprovou na tarde desta quarta-feira (28) uma resolução em favor do respeito à democracia no Brasil.

A iniciativa foi capitaneada por Bernie Sanders, com apoio dos senadores Tim Kaine, chefe do subcomitê de Relações Exteriores do Congresso para o hemisfério Ocidental, Patrick Leahy, presidente pró-tempore do Senado, Jeff Merkley, Richard Blumenthal e Elizabeth Warren.

Capitólio dos Estados Unidos, sede do Legislativo americano - Kevin Dietsch/Getty Images/AFP

A quatro dias do primeiro turno do pleito no Brasil, o texto aprovado por consenso pede que o governo Bolsonaro "garanta que as eleições de outubro de 2022 sejam conduzidas de maneira livre, justa, crível, transparente e pacífica".

O documento ainda defende que o governo do democrata Joe Biden reconheça automaticamente o resultado da eleição —em um esforço para mostrar que Bolsonaro não teria apoio internacional caso não aceite o resultado das urnas— e reveja as relações entre os países em caso de golpe.

O texto havia sido apresentado no começo do mês, junto de uma iniciativa similar na Câmara. Embora não cite o nome de Bolsonaro explicitamente, seu autor mencionou uma série de vezes nas últimas semanas, inclusive nesta quarta na tribuna do Parlamento, as ameaças do brasileiro ao sistema eleitoral.

Na última semana, ele havia reclamado no Senado da falta de adesão de representantes do Partido Republicano à moção. O ex-presidente Donald Trump, ainda hoje figura poderosa na legenda, manifestou apoio público a Bolsonaro nas eleições. Nesta quarta, a resolução foi aprovada sem objeções dos republicanos da Casa.

"Com esse voto, o Senado envia uma mensagem poderosa de que está comprometido em dar os braços ao povo brasileiro em apoio à democracia do país e continua confiante de que as instituições eleitorais do Brasil vão garantir uma eleição livre, justa e transparente", disse Kaine, em nota.

"Seria inaceitável os EUA reconhecerem um governo que chegue ao poder de forma não democrática, mandaria uma mensagem terrível a todo o mundo. É importante que o povo do Brasil saiba que estamos do lado deles, do lado da democracia", afirmou Bernie.

Esta não é a única iniciativa dos parlamentares americanos contra Bolsonaro. No último dia 9, deputados e senadores entregaram uma carta a Biden em que alertam para o risco de golpe na eleição de outubro e acusam nominalmente Bolsonaro de ameaçar as instituições democráticas.

Na terça (27), questionada sobre a intenção de a Casa Branca reconhecer imediatamente o resultado das urnas, como querem os parlamentares, a porta-voz do governo Biden, Karine Jean-Pierre, afirmou que não se adiantaria, mas repetiu o recado passado pelo governo americano de que "confia na força das instituições democráticas brasileiras."

A mais recente manifestação do tipo se deu no sábado (24), quando a embaixada dos EUA divulgou nota afirmando ter "determinação sobre a integridade do processo eleitoral liderado pelo Tribunal Superior Eleitoral".

Em julho, após Bolsonaro convocar embaixadores para disseminar teses golpistas sobre a eleição, a representação de Washington em Brasília emitiu comunicado em que afirmou confiar no sistema eleitoral brasileiro, um "modelo para as nações". Dias depois, em conferência de ministros da Defesa, o secretário Lloyd Austin defendeu que as forças militares devem estar "sob firme controle civil".

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