Descrição de chapéu Eleições 2022

Eleição em Miami tem fila de até 4 horas e multidão cantando hino nacional

Maior colégio eleitoral brasileiro nos EUA, Flórida recebe mar de pessoas de verde e amarelo

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Natasha Bin Thiago Amâncio
Miami e Washington

Em Miami, maior colégio eleitoral brasileiro nos Estados Unidos, um mar de pessoas vestindo verde e amarelo lotou o único local de votação, e as filas chegavam a demorar até quatro horas, segundo relatos de brasileiros.

Gustavo Pimentel, de 27 anos, há dez anos na cidade, conta que levou cerca de uma hora para conseguir votar. "E a minha fila estava andando bem rápido. As outras quase não andavam", diz ele, que reclama de desorganização no local.

Eleitor no local de votação em Miami
Eleitor no local de votação em Miami - Gustavo Pimentel/Arquivo pessoal

Uma queixa grande dos eleitores foi que, enquanto nos pleitos anteriores as urnas estavam no centro da cidade, neste ano a seção eleitoral foi transferida para um local a 40 minutos de distância —o campus de Kendall do Miami Dade College, uma instituição de ensino superior— , o que causou confusão.

Nos corredores dos prédios R e 9, filas e caos —as seções estavam identificadas em fonte pequena e setas quase invisíveis. O montante de gente fazia com que as filas perdessem a direção e se misturassem entre uma seção e outra.

"Tem fila até para ir ao banheiro", reclamou uma mulher. "Pelo menos não é a do INSS", respondeu a outra, bem-humorada. Por volta de meio-dia, no saguão entre os prédios, uma aglomeração verde-amarela cantava o hino nacional brasileiro. Era possível contar nos dedos quem vestia vermelho ou se manifestava por outro candidato que não o atual presidente.

Morando há nove anos nos Estados Unidos, a jornalista Caroline Oliveira fez questão de percorrer quase os 400 quilômetros que separam Orlando de Miami para votar. "Eu percebi que quem vota no Bolsonaro estava com as vestimentas verde e amarelo. Eles aparecem mais e estavam bastante agressivos. A oposição estava mais tímida."

Fila para votar nas eleições 2022 em Miami
Fila para votar nas eleições 2022 em Miami - Gustavo Pimentel - 2.out.22 / arquivo pessoal

Eleitora de Lula e vestindo cores neutras, ela sentiu o clima hostil. "Entrei e saí o mais rápido possível, não estava me sentindo bem. Achei que o pessoal de verde e amarelo acuava os outros. Às vezes passava gente de vermelho e eles gritavam ‘Lula ladrão’". Segundo ela, houve muita desorganização e falta de respeito, mas ainda assim "valeu a viagem".

A arquiteta Tatiana Moreira concorda sobre a falta de organização. "Fiquei mais de uma hora na fila para votar. Achei todo mundo muito perdido e não tinha ninguém para dar informação, mas as pessoas estavam se ajudando."

Segundo ela, que é eleitora de Bolsonaro e mora há 25 anos nos Estados Unidos, esta eleição foi a mais movimentada. "A maioria lá era Bolsonaro. Todo mundo que eu conheço ia votar nele. Se o Bolsonaro não ganhar aqui, aí eu acredito que existe enrolação. Estava lotado e todo mundo cantando música contra o Lula."

Moreira, que esteve no local de votação entre 13h e 14h30 (horário local), presenciou outro coro do hino nacional e duas cenas contra petistas. "Tinha uma mulher com um cartaz falando mal do Bolsonaro e o pessoal cercou ela falando ‘Lula ladrão’. E passou um cara com uma camisa do Lula e o pessoal estava vaiando." Apesar dos episódios, ela define o clima geral como "bonito de se ver".

Nos Estados Unidos, mais de 180 mil brasileiros estão aptos a votar, sendo a Flórida o maior colégio eleitoral do país, com 40,1 mil eleitores. Depois de Miami, Boston aparece com 37 mil eleitores registrados, e Nova York tem 28 mil.

Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro, do PL, recebeu 91% dos votos no segundo turno em Miami. No primeiro, teve 80%, e Miami ainda pôs João Amoedo (6,2%) e Ciro Gomes (6%) à frente do então candidato petista, Fernando Haddad, que recebeu à época apenas 2,9% dos votos.

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