Morre espanhol que foi filmado sendo atingido por incêndio em meio a onda de calor

Ángel Martín Arjona, 50, cavava fossa para tentar conter o fogo; ele estava internado havia três meses em Valladolid

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Madri | Reuters

O espanhol Ángel Martín Arjona, 50, que teve cerca de 80% do corpo queimado ao cavar um fosso para tentar impedir que um incêndio chegasse a sua cidade natal, morreu nesta segunda-feira (24), após três meses internado num hospital de Valladolid. A morte foi confirmada por um amigo, José Manuel Taba.

"Os enxertos na pele [para o tratamento das áreas com queimaduras] deram certo, mas infelizmente houve outras complicações", disse Juan Lozano, outro amigo de Martín.

A ação do espanhol ficou célebre em um vídeo que circulou nas redes sociais em julho, quando uma onda de calor varreu o continente, provocando uma série de incêndios florestais em porções de Portugal, Espanha, Itália e França.

Nas imagens, Martín, que era dono de uma loja de material de construção, é visto correndo e tropeçando, com o corpo em chamas, enquanto tenta fugir do fogo. Ele operava uma escavadeira para cavar a fossa quando o vento mudou de direção e levou as chamas para cima dele.

O incêndio que ele tentava combater havia começado no dia 17 de julho, na cidade de Losacio, e na ocasião avançava para Tábara, na província de Zamora —parte da comunidade autônoma de Castela e León, no noroeste da Espanha. Foi um dos maiores do ano no país, responsável por destruir cerca de 26 mil hectares de mata.

Além de Martín, três outras pessoas morreram na ocasião. Os moradores de Tábara, cidade com pouco mais de 900 habitantes, consideraram o homem um herói por sua atitude de tentar proteger a localidade. O município declarou luto oficial de três dias.

Cientistas atestam que as mudanças climáticas estão contribuindo para o crescimento no número de incêndios, já que as ondas de calor criam condições que ajudam o fogo a se espalhar mais rápido e queimar por mais tempo.

O tempo mais quente torna a vegetação mais seca —um combustível para o fogo. O problema é agravado nas áreas rurais da Espanha porque nessas regiões há falta de mão de obra para retirar a vegetação seca.

Neste ano, incêndios destruíram 260 mil hectares na Espanha. O número é o maior em quase três décadas, de acordo com dados do governo.

Na Europa como um todo, os incêndios já queimaram 775.941 hectares em 2022, segundo maior número já registrado, segundo dados do Centro Comum de Investigação da União Europeia.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.