Descrição de chapéu Financial Times Governo Biden

Trump injeta dinheiro em candidatos republicanos nos EUA às vésperas de eleição

Comitês ligados ao ex-presidente repassam milhões de dólares para nomes ao Senado em estados-chave

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Courtney Weaver Caitlin Gilbert
Washington e Nova York | Financial Times

Nas semanas finais da campanha pelas chamadas midterms de 2022, candidatos republicanos ao Senado encontraram um benfeitor inesperado: o ex-presidente Donald Trump.

Depois de se abster durante a maior parte do ciclo eleitoral de 2022, os Comitês de Ação Política de Trump (PAC, na sigla em inglês) estão desembolsando milhões de dólares nas semanas finais da campanha, escorando candidatos republicanos em algumas das disputas mais concorridas a vagas no Senado.

Donald Trump, ex-presidente dos EUA, fala à imprensa durante entrevista em aeroporto de Carolina do Norte - Brendan Smialowski - 1º.nov.20/AFP

Desde o início de outubro, o Maga Inc., um super-PAC de Trump recém-criado, gastou US$ 8,5 milhões com anúncios em Ohio, Pensilvânia, Geórgia, Nevada e Arizona, as cinco disputas consideradas cruciais para os republicanos em sua investida para retomar o controle do Senado.

O dinheiro gasto pelo Maga com anúncios contra democratas incluiu US$ 2,3 milhões em Ohio contra Tim Ryan, o maior montante injetado nas cinco disputas; US$ 1,6 milhão na Geórgia em anúncios atacando Raphael Warnock, US$ 1,2 milhão em Nevada contra Catherine Cortez Masto e US$ 1,8 milhão no Arizona, em anúncios contra o senador Mark Kelly, candidato à reeleição, e em apoio ao republicano Blake Masters.

Os gastos representam apenas uma fração do dinheiro levantado pelos comitês de Trump durante o ciclo das midterms.

O ex-presidente foi criticado ao longo do ano por não dar maior apoio financeiro a candidatos republicanos, não obstante haver endossado amplamente primárias de seu partido —algo que beneficiou muitos candidatos republicanos marginais, alguns dos quais acabaram derrotando membros mais conhecidos do establishment da legenda.

Embora seus comitês tenham injetado dinheiro em algumas das disputas, só o fizeram de modo seletivo. Por exemplo, gastaram mais de US$ 2,5 milhões para apoiar David Perdue, ex-senador da Geórgia que disputou a primária para o governo do estado com Brian Kemp, que acabou eleito.

Em Wyoming, o comitê Save America desembolsou US$ 650 mil para derrotar a republicana Liz Cheney, destacada crítica de Trump, e reforçar a adversária dela nas primárias, Harriet Hageman.

Grupos ligados a Trump já arrecadaram ao todo US$ 185 milhões de doadores neste ciclo eleitoral, mas gastaram menos de um décimo desse total para apoiar outros candidatos republicanos. No final de setembro, as oito PACs vinculadas a Trump ainda tinham US$ 118,1 milhões em caixa.

Um consultor republicano ligado ao ex-presidente, que não quis se identificar, disse que é injusto esperar que grupos ligados ao ex-presidente gastem tanto com as midterms quanto os comitês partidários tradicionais, porque não seria tarefa de Trump recuperar a maioria republicana no Senado.

Outros doadores republicanos encaram com mais cinismo os gastos de última hora feitos por Trump.

"Basicamente, ele vai poder dizer que desembolsou dinheiro, sem ter desembolsado muito", afirma Dan Eberhart. "Se os candidatos ganharem, ele cantará vitória. Se perderem... Bem, dirá que eram perdedores —então por que deveria gastar dinheiro com eles? Dirá que foi esperto por não ter jogado dinheiro fora para promovê-los."

David Tamasi, outro doador republicano que já repassou dinheiro a Trump, concorda que é difícil caracterizar as doações feitas pelo ex-presidente como significativas. Ele ressalta que o político está guardando boa parte do dinheiro que levantou neste ciclo eleitoral de olho na eleição presidencial de 2024.

Ainda sob investigação do FBI, Trump tem repetidamente dado a entender que vai se lançar à Presidência outra vez, mas ainda não anunciou sua candidatura formalmente.

Tradução de Clara Allain 

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